O governo Temer quer pôr a culpa de seu desgoverno em cima dos caminhoneiros. O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Fábio Kanczuc, disse nesta terça-feira (12), que a greve dos caminhoneiros causou um prejuízo para a economia de cerca de R$ 15,9 bilhões, e esquece que a greve foi provocada pelo próprio governo, com sua política insana de reajustes diários nos preços do diesel.
Mas não só o moribundo Temer tenta colocar a população contra os caminhoneiros, há também setores da mídia, economistas e outros defensores do ajuste fiscal que, em quatro anos, afundou o país na miséria, no desemprego, e transferiu bilhões de dinheiro público aos bancos, rentistas e especuladores, através dos juros da dívida pública.
Estes foram os primeiros a dar pulos de raiva com a queda do representante das multinacionais petroleiras, Pedro Parente, da presidência da Petrobrás. Enquanto presidente, além impor uma política de desinvestimento e venda de ativos da Petrobrás, impôs a política de preços dos combustíveis da estatal com base no dólar, ou seja, a mercê da especulação. Com essa política iniciada em julho do ano passado, o preço do diesel aumentou 59,32% e o da gasolina 58,76%, para uma inflação, pelo IPCA, de 2,68%.
A saída de Pedro Parente da direção da Petrobrás é resultado da mobilização dos caminhoneiros, que teve o apoio da população brasileira – que sofre não só com o aumento dos combustíveis, mas com a queda de seus salários, com o desemprego, com o aumento dos alimentos e remédios, do gás de cozinha, das tarifas de energia, do plano de saúde, e etc.
Temer e aliados buscam usar a paralisação dos caminhoneiros para mascarar o péssimo desempenho da economia.
A famigerada recuperação econômica de Temer já não existia antes da greve do transporte de cargas. Os resultados do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre deste ano variaram próximo de zero, isto é, 0,4% em relação ao último trimestre de 2017, segundo dados do IBGE.
O PIB da indústria de transformação, setor decisivo para a economia, caiu -0,4% na mesma comparação com o trimestre anterior. Na agricultura, para o mesmo período, a cultura do milho desabou -13%, a do arroz, -6,8%, a da soja ficou estagnada (0,6%) e “todas as culturas destacadas apontaram estimativa de queda de produtividade”, diz relatório do IBGE. Leia mais sobre este assunto em: PIB do trimestre é o pior entre 40 países e expõe estagnação.
A taxa de desemprego subiu para 13,1%, ante 11,8% do trimestre de 2017, atingindo 13,7 milhões de brasileiros, de acordo com o IBGE. O número total de desempregados (incluindo os subempregados) passou de 26 milhões e 516 mil trabalhadores para 27 milhões e 669 mil trabalhadores, entre o final de 2017 e o final do primeiro trimestre de 2018.
ANTÔNIO ROSA