O ex-governador do Ceará, Ciro Gomes (PDT), afirmou que a “emenda do relator [orçamento secreto] acaba no primeiro dia” de governo. “Eu simplesmente não empenho. Empenhar é assinar o cheque, você só não assina e acabou”, disse Em sabatina na Record.
“Sabe quanto é o investimento hoje? 25 bilhões. Sabe quanto o governo entrega para o centrão roubar? 20 bilhões”, denunciou Ciro, referindo-se ao valor que terá o orçamento secreto em 2023 de acordo com o plano de Bolsonaro.
“Eu estou propondo aumentar de 25 para 200 bilhões o investimento e ordenar isso tudo em direção a um projeto estratégico”, enfatizou.
Ciro disse ainda que quer ser presidente da República para mudar “o modelo econômico” que causou “a mais grave e profunda crise da história” do Brasil.
Ele falou que Lula e Bolsonaro seguem a mesma cartilha econômica e, por isso, manterá sua candidatura. Um exemplo criticado pelo ex-governador foi a fala de Lula de que poderá manter a independência do Banco Central.
“O coração do sistema econômico é controlado pelo Banco Central e o Lula está dizendo que vai manter a direção [indicada por Bolsonaro]. Porque vendeu-se ao sistema financeiro”, apontou.
“Eu só quero ser presidente se for para mudar isso. Como vou resolver o problema da maior taxa de juros do mundo se eu deixo o Banco Central comprado pelo sistema financeiro?”, continuou Ciro.
Na entrevista, o candidato afirmou que o problema do país é o “modelo econômico” e o “modelo de governança política” que é corrupto.
“O Brasil vive, hoje, a mais grave e mais profunda crise da sua história. 70 de cada 100 trabalhadores ou desistiram de procurar emprego, ou estão vivendo de bico, sem proteção de nada, com jornada semanal de 60 ou 70 horas, sem folga, e vão chegar na velhice sem nenhuma cobertura de aposentadoria”.
“E isso tudo é consequência de um modelo econômico e de governança política que eternizaram essa crise”, afirmou.
Na avaliação dele, foi o fracasso econômico do governo Dilma e os escândalos de corrupção dos governos do PT que permitiram a chegada de Bolsonaro ao poder.
Para prevenir a corrupção, Ciro disse que vai “anunciar os preços unitários mínimos de obras” do governo federal. “Todo mundo vai poder comparar”.
“Quando eu empenhar [dinheiro público] vou fazer um choque de digitalização do governo. Todo brasileiro vai poder acessar no seu celular quanto custou cada tostão de cada obra, como eu fiz quando fui governador. Só a luz do Sol vai dar transparência”, acrescentou.
Ciro Gomes ainda fez fala contra a política armamentista de Bolsonaro. Em seu governo, “arma na rua, só desmontada ou na mão de autoridade. Arma só presta para matar”.
Ele disse ainda que vai “revisar” todos os decretos de Bolsonaro que facilitaram o acesso a armas.
“A frouxidão está fazendo armas pesadas irem parar na mão das milícias e das quadrilhas perigosas que mandam e desmandam nas periferias do Brasil”.
IRMÃOS
O entrevistador perguntou a Ciro Gomes sobre o apoio de seus irmãos aos candidatos do PT no Ceará, fato ao qual ele tinha se referido como “facada nas costas”.
Gomes pediu para que o tema não fosse abordado porque “ainda está doendo muito aqui”.
“A ferida está aberta. Sabe porque? Eu dei minha vida inteira ao povo do Ceará e tive de volta dele honras e privilégios que hoje me permitem dizer: cearense, faça o que quiser de mim. O que vocês fizerem eu estou agradecido”.