O ministro da Economia Paulo Guedes disse, nesta na terça-feira (27), que seria um ótimo negócio para o governo vender as nossas praias para estrangeiros e, de quebra, ainda criticou a Marinha por má gestão da nossa costa marítima, que é monitorada por ela.
A sugestão absurda e inconstitucional feita por Guedes de vender nossas praias a estrangeiros, que de acordo com a Constituição são bens da União e pertencem a todo o povo, foi feita em uma entrevista ao Flow Podcast.
“O caso do Brasil é um caso clássico de má gestão. Tem trilhões de artigos mal usados. Por exemplo, tem um grupo de fora que quer comprar uma praia numa região importante do Brasil e quer pagar US$ 1 bilhão. Aí você chega lá e pergunta: vem cá, vamos fazer um leilão dessa praia? Não, não pode, isso é da Marinha. E quanto a gente recebe por isso? Não, a gente pinta lá o quartel deles uma vez por ano. É muito mal gerido o troço. Não é de ninguém, quando é do governo não é de ninguém”, disse o ministro.
Além de criticar a Marinha, responsável pelas praias brasileiras ao lado das prefeituras, que em última instância administram as que estão em seus municípios, o ministro compara as praias a um “artigo” qualquer, ignorando completamente que as praias são parte do nosso território, ignorando a questão da segurança nacional e alheio ao significado coletivo, cultural, econômico e de lazer que as praias representam para o povo brasileiro.
“As praias são bens públicos de uso comum do povo, sendo assegurado, sempre, livre e franco acesso a elas e ao mar, em qualquer direção e sentido, ressalvados os trechos considerados de interesse de segurança nacional ou incluídos em áreas protegidas por legislação específica”, diz o Artigo 10 da Lei 7.661/1988, que regula o uso da costa marítima do Brasil.
Durante a entrevista, o desespero e completa distância da realidade também se mostraram quando o ministro comemorou o resultado do PIB (Produto Interno Bruto) e disse que o país vai crescer mais que a China neste ano.
“Vai ser a primeira vez em 42 anos que o Brasil vai crescer mais do que a China”, disse. “Estamos crescendo mais do que eles, estamos com a inflação mais baixa do que eles. Tivemos, agora, nesse trimestre, a maior deflação da história, três meses seguidos”, afirmou, ignorando completamente o desespero das donas de casa, dos pais, ao saírem do mercado com as sacolas vazias por não conseguirem comprar o básico para alimentar suas famílias.
Na mesma entrevista, depois de criticar os opositores de Bolsonaro, que, segundo ele, “subiram em cadáveres para fazer política”, quando condenaram a má gestão da pandemia pelo governo, o atraso das vacinas, o achincalhe e desrespeito do presidente aos doentes e mortos por Covid e aos seus familiares, finalmente Guedes disse alguma coisa que se encaixa na realidade: “A direita também é danada, gosta de um orçamentozinho para encostar lá e puxar favores e privilégios para eles mesmos”, afirmou.