“Deixar de ser refém do mercado financeiro, baixar os juros, renegociar dívidas das pessoas e empresas, acabar com o teto de gastos, fazer a reforma tributária e retomar os investimentos”, defende o economista Nelson Marconi
Depois que o ex-governador e ex-ministro Ciro Gomes (PDT) declarou seu apoio a Lula no segundo turno das eleições e disse que vai cobrar por avanços, o seu assessor econômico, o professor de economia de FGV, Nelson Marconi, afirmou em entrevista ao HP que a política de Bolsonaro seria sinônimo de mais privatizações e mais desmonte do Estado.
Na ocasião, ele afirmou que “caso Bolsonaro permaneça no governo, a sua política econômica tende a acentuar seu caráter liberal, tentando acelerar o processo de privatizações e reduzindo o tamanho do Estado na economia.”
Neste sábado (8), em novas declarações ao HP, o economista detalha alguns pontos que ele considera essenciais para que um novo governo possa retomar o crescimento, com investimentos na indústria e com a criação de empregos.
Ele considera que vários pontos levantados no programa do ex-governador Ciro Gomes (PDT), se forem implementados, podem contribuir bastante para a retomada dos investimentos e do desenvolvimento e para a criação de empregos que tanto o país necessita.
“Em primeiro lugar”, diz Nelson Marconi, “é necessária uma reforma tributária que diminua a taxação sobre a produção e aumente proporcionalmente sobre os mais ricos”. O economista argumentou a importância da criação de um imposto sobre grandes fortunas e disse que “é necessária também e a tributação sobre lucros e dividendos”.
Na opinião do economista, o parasitismo imposto pelo sistema financeiro impede a produção de bens e serviços. Ele defendeu alternativas para a retomada dos investimentos produtivos no país. “Com as medidas que sugerimos acima”, destacou o professor da FGV, “teremos um verdadeiro ajuste fiscal”. “O governo deixa de ficar refém do mercado financeiro e reduz definitivamente a taxa de juros”, avaliou.
Marconi argumenta que, com essas decisões de política econômica, “a taxa de câmbio deixa de se apreciar”, medida considerada fundamental para aumentar a competitividade das empresas nacionais e a produção interna. “Além disso”, prossegue o economista, “temos que renegociar as dívidas de famílias e empresas para melhorar a renda e a capacidade de investimento e consumo”.
Para o assessor econômico de Ciro Gomes, “o investimento deve ser retomado, inicialmente a partir das obras paradas e das concessões de saneamento e energia”.
Nelson Marconi destaca ainda que as medidas monetárias do governo Bolsonaro, como a elevação de juros, não resolvem nada e só agravam a situação. “O controle da inflação deve incluir no radar as pressões de custos e não apenas de demanda”, afirmou o economista. “A política de preços da Petrobrás, especialmente, deve mudar”, prosseguiu o especialista.
Ele destacou também que o país precisa implementar um programa de renda mínima e aprovar uma lei anti-ganância. “Temos também que mudar a regra de controle dos gastos. Não podemos continuar com o teto de gastos atual. Senão, não haverá investimento em Educação ou Saúde”, argumentou.
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