O pré-candidato do PDT à presidência da República, Ciro Gomes, afirmou que não cogita conceder perdão a Lula caso seja eleito em outubro. “Não está nas minhas cogitações”, disse durante entrevista à rádio “Jovem Pan”, na segunda-feira (18), ao ser indagado se daria o chamado indulto ao ex-presidente.
Ciro disse que não considera que os direitos de Lula tenham sido eliminados quando foi preso no dia 7 de abril, após ser condenado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) a 12 anos e um mês de prisão. Para o presidenciável, todos os ritos processuais foram seguidos.
“Não acho que foi golpe porque o devido processo legal foi inteiramente perseguido. O que eu acho é a sentença do Moro injusta. O que é diferente, porque você tem todo o direito de achar justa ou injusta embora não seja minha atribuição sentenciá-lo. Agora, se o próprio Lula recorre da sentença é porque ele está aceitando o rito”, completou.
O pedetista também indicou que discorda do discurso do PT de que há uma conspiração do Poder Judiciário contra o petista. O presidenciável esclareceu uma declaração dada em junho de 2016, quando não descartou sequestrar Lula e levá-lo a uma embaixada se sua prisão fosse decretada.
“O PT considera que o Judiciário brasileiro está em uma conspiração orgânica e, nesse caso, o caminho não é recorrer pro Judiciário. É tirar o Lula para uma embaixada. Eu estava censurando a ideia de que você, ao aceitar recorrer, denuncie o Judiciário como praticando um golpe. Aí fica meio esquizofrênico”, disse.
No sábado (16), em visita a Campina Grande (foto acima), Ciro afirmou que “nunca ninguém viu é o PT ajudando alguém”.
Ele disse em entrevista que “nós do campo progressista brasileiro sempre trabalhamos unidos”. “A questão básica é quem vai hegemonizar esta unidade que sempre fizemos. Nós estamos no poder, estávamos até o golpe, há 16 anos. Onde é que estava o PDT, com todas as diferenças, todos os desacatos, todas as indelicadezas que o PT fez com o grande brasileiro Leonel Brizola? Leonel Brizola nunca falhou. No segundo turno de 89, que foi a primeira eleição, Leonel Brizola estava lá, depois de todos os insultos, ajudando o Lula. No segundo turno de 2002 eu estava lá ajudando o Lula. A rigor, nós estávamos ajudando o Lula todo dia nesses 16 anos. O que nunca ninguém viu é o PT ajudando alguém”, completou.
Ciro estava ao lado do presidente nacional do PDT, Carlos Lupi. Ao final da noite visitou o Parque do Povo, onde acontece o “Maior São João do Mundo”.
Sobre a razão de ser candidato a presidente, o ex-ministro declarou que se preparou para isso. “Porque não acredito que alguém possa ser feliz numa nação de tanta desigualdade, pobreza, miséria, e você ser egoísta, podendo fazer alguma coisa, sabendo que as coisas podem ser diferentes, omitir-se por conforto ou qualquer tipo de coisa”.
“Hoje eu sinto uma honra grande, um entusiasmo juvenil, e essa é a eleição que mais estou com vontade de ganhar, porque está na mão da gente fazer história, devolver a felicidade desse povo que merece”, disse, sob aplausos.
Ciro foi questionado porque não estava no ato em São Bernardo, no Sindicato dos Metalúrgicos, na véspera que Lula foi preso. “Eu não estava lá porque estava no EUA, participando de um seminário junto com o vice-presidente nacional do PT, o ex-ministro da Saúde, Alexandre Padilha, portanto, ninguém pode achar que Padilha estivesse fazendo qualquer coisa. Quando veio a notícia nem teve tempo de voltar”, explicou.
“Eu me pergunto, para ser muito honesto, se eu podendo voltar eu teria voltado. Eu acredito que não. Porque eu não aprovo aquilo”, respondeu.
“Porque ali você tem uma contradição muito grave para as coisas do Brasil pensando no futuro. Se eu acho que o Judiciário brasileiro está organicamente num golpe, meu caminho não é recorrer para esse Judiciário que está organicamente no golpe. É outro caminho”, apontou. O ex-ministro disse que se Lula resolveu recorrer ao Judiciário, não podia fazer “atos de desobediência, de desacato, ao Judiciário que vai me julgar os recursos”.
Na opinião de Ciro, se ele recorreu, “está dizendo que respeita a regra”. “E a gente respeita a regra e vai lá para a casa do juiz chamar o juiz de golpista, de ladrão, de bandido de não sei quê? Essa conta não fecha”, concluiu.