Há 7 meses que a inflação dos alimentos tem superado o índice geral de inflação oficial.
No mês passado, o grupo de alimentos e bebidas registrou alta de 11,71% no acumulado dos últimos 12 meses, acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do IBGE, que está em 7,17%.
É ainda maior a inflação da alimentação em domicílio, que são despesas com produtos associados ao preparo da comida em casa. Em um ano, alimentação no lar chega a 13,28%, maior nível desde setembro de 2021, quando foi de 14,66%. Já a alimentação fora do domicílio acumula alta de 7,61%.
Mais de 80 produtos alimentícios, o que representa metade dos itens pesquisados pelo IBGE do grupo Alimentação e bebidas, subiram acima de 10% no último ano.
A cebola é o campeão da alta dos preços, com um aumento de 127,3% nos últimos 12 meses, o segundo é o melão (73,31%), seguidos pelo mamão (53,89%), banana-d’água (44,82%), maracujá (44,04%), tangerina (39,67%), café moído (37,66%), maçã (36,96%), limão (36,95%), leite longa vida (36,93%), farinha de trigo (35,39%), melancia (35,1%), leite condensado (33,13%), manga (31,93%), alimento infantil (31,46%), maionese (31,45%), couve-flor (30,95%) e milho em grão (30,83%).
Destaques ainda para os as altas do pão de forma (26,4%), manteiga (23,5%), batata-inglesa (20,92%), macarrão (20,2%), pão francês (19,3%), ovos (17,03%), tubérculos, raízes e legumes (16,87%), frango em pedaços (12,27%), óleo de soja (11,7%) e fubá de milho (11,2%).
A carestia da alimentação ocorre num quadro de alto nível de desemprego no país. São mais de 9,7 milhões de pessoas em busca de emprego e outros 39,3 milhões de brasileiros na informalidade do trabalho, na sua maioria, sobrevivendo dos famosos “bicos”, com jornada excessiva de trabalho e renda que muitas vezes não chega ao um salário mínimo.
Nesta situação, a fome assombra milhões de brasileiros, apesar do auxílio Brasil de R$ 600 – turbinado pelo governo Bolsonaro na metade do ano, como forma de buscar a sua reeleição. Mesmo assim, nos últimos dois meses (agosto e setembro), o valor do benefício não conseguiu superar os custos da cesta básica em 12 das 17 capitais pesquisadas pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Observa-se, ainda, que, mesmo nas cinco capitais com os preços médios das cestas básicas mais baratas, o valor supera os R$ 500. No final de dezembro, o valor do auxílio volta a ser de R$ 400.
Segundo dados da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (PENSSAN), em números absolutos, são mais de 125,2 milhões de brasileiros que sofrem com algum nível de insegurança alimentar, sendo que 33 milhões passam fome. Entre 2017-2018, eram 10,3 milhões de pessoas que viviam em domicílios com insegurança alimentar grave, segundo o IBGE.