As vendas do varejo argentino no Dia dos Pais, comemorado domingo (17), caíram 6,4% em relação ao ano passado, diz pesquisa da Confederação Argentina de Médias Empresas (CAME). A contração observada pelo comércio, já se verificou em 2017, quando as vendas caíram 3,6% em relação a 2016.
Na comparação com 2017, apenas 23,7% das empresas apresentaram crescimento nas vendas, ao passo que 58,8% viram suas vendas caírem. Segundo a pesquisa, as vendas permaneceram inalteradas para 17,5% dos vendedores consultados.
Entre os setores afetados pelas consequências da crise argentina, estão os de gastronomia e restaurantes, que tiveram suas vendas contraindo 0,2% no dia dos pais. O setor de ferramentas e aparelhos de informática encolheu 10,5%, e o de vestuário, ficou 9,6% abaixo do ano passado.
A queda do varejo vem acompanhada da forte crise do modelo agro-exportador implementado na Argentina durante as últimas décadas e acentuado a partir da década de 1990, cuja dependência os governos Kirchner deram alguns passos para romper e agora Macri traz esse atraso de volta com uma crise desastrosa que, na última semana, explodiu através do descontrole cambial que fez o dólar chegar a 30 pesos, pretexto para a elevação dos juros nominais em 40% a.a. e uma inflação prevista para cerca de 30% este ano.
De acordo com o Instituto Nacional de Estatística e Censos da Argentina (Indec), a expectativa dos empresários, tendo em vista a crise que estourou nas últimas semanas, aponta para a redução das contratações. Nesse sentido, Ariel Aguilar, que preside a Câmara Industrial de Fabrico de Couro e dirige a Confederação Empresarial da República Argentina, ao tratar da recente crise que levou à demissão do ministro da Produção, bem como a renúncia do presidente do Banco Central, afirmou que a dança de cadeiras não muda nada enquanto o modelo de desenvolvimento do governo estiver pautado no projeto neoliberal.
“O principal problema não reside apenas na queda do consumo” em 30%, da queda da “produção”, que está com menos de 60% da capacidade instalada ocupada, “ou no aumento das importações” em 60%. “O que não fecha de jeito nenhum é esse projeto político que não tem produção e o trabalho como política de Estado e, nesse sentido, embora ainda que mudem os nomes, o governo parece determinado a aprofundar as decisões políticas que conduziram à crise de hoje”.