Não era para Guedes divulgar agora. Denúncia de André Janones obrigou Bolsonaro a desmentir. Já estava tudo engatilhado para esfolar o salário-mínimo e as aposentadorias em 2023
O ministro da Economia, Paulo Guedes, inadvertidamente abriu o jogo do que o governo pretende fazer com o salário-mínimo e as aposentadorias no caso de Jair Bolsonaro se reeleger.
DESVINCULAR REAJUSTES DA INFLAÇÃO
O plano é desvincular o reajuste anual do salário-mínimo e das aposentadorias dos índices oficiais de inflação. Ou seja, o governo pretende, com essa medida, não repor nem mesmo as perdas da inflação e implantar um brutal arrocho nos salários e nos aposentados.
E essa brutalidade toda vem depois do salário-mínimo brasileiro, que já é um dos mais baixos do mundo, ter passado os quatro anos do governo Bolsonaro sem nenhum aumento real.
Paulo Guedes explicou que o salário-mínimo e as aposentadorias deixarão de ser reajustados pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), que é o índice oficial da inflação, do ano anterior e passarão a ser reajustados pela meta de inflação projetada pelo governo para o ano seguinte.
Ora. É óbvio que a intenção com essa medida é reduzir os salários e as aposentadorias, porque o governo sempre projeta uma inflação menor no futuro. Portanto, o reajuste do salário-mínimo e das aposentadorias pela projeção será necessariamente menor.
O próprio Bolsonaro tinha confirmado o plano de Guedes para o ano que vem sem nenhuma crítica. Ele falou da proposta na entrevista ao podcast Inteligência Ltda da quinta-feira (20). “O Paulo Guedes fala muito em desindexação da economia, daí no bolo o que ele quer desindexar? O porcentual fica indefinido”, declarou Bolsonaro.
ARROCHO BRUTAL DO SALÁRIO E APOSENTADORIAS
O reajuste não fica indefinido, como alegou Bolsonaro na entrevista, ele ficará oficialmente abaixo da inflação. O que fica indefinido é o tamanho do arrocho. Mas que, com essa medida, haverá arrocho não há nenhuma dúvida.
É este o plano sórdido do governo contra o salário-mínimo e as aposentadorias dos brasileiros. E foi o deputado André Janones (Avante-MG) quem primeiro denunciou a trama.
A notícia se espalhou e desmascarou a campanha demagógica de Bolsonaro. A verdade que veio à tona com este “vazamento” é que os aposentados e quem ganha salário-mínimo, além dos beneficiários do BPC (Benefício de Prestação Continuada), vão sofrer um arrocho gigantesco de seus ganhos caso Bolsonaro se reeleja.
Ou melhor, eles vão continuar sendo esfolados, como já vem acontecendo nos últimos quatro anos, só que com muito mais intensidade ainda.
O estrago que o vazamento do plano do governo fez na campanha da reeleição levou Bolsonaro a encenar às pressas um “desmentido”. Ele arrastou Paulo Guedes a tiracolo para jurar que não vai haver perdas.
Não tem como não ter perdas no salário-mínimo e nas aposentadorias com essa proposta. A inflação projetada é sempre menor do que a inflação passada. Se o reajuste anual será pela inflação projetada e não pela inflação oficial, o que vem por aí é mais arrocho salarial sim, e também das aposentadorias e das pensões.
Aliás, é isso que os sanguessugas sempre quiseram fazer para reduzir ainda mais os salários no Brasil. Eles só não contavam que o estrago na campanha ia ser tão grande. O vazamento do plano antes da hora atrapalhou e campanha do segundo turno e irritou Bolsonaro.
MENTIRAS E FALÁCIAS NA TV
E, como ele não tem nenhum compromisso com a verdade, passou a divulgar cinicamente em seus programas de TV que vai reajustar o salário-mínimo acima da inflação.
Só que, durante os quatro anos de seu governo, ele não deu um centavo de reajuste do salário acima da inflação. A LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias), enviada por ele ao Congresso Nacional para 2023, não prevê nenhum centavo de aumento real para o salário-mínimo e nem para as aposentadorias e outros benefícios sociais.
Com o vazamento, Bolsonaro passou a disseminar também que vai isentar de imposto de renda quem ganha menos de seis mil reais. Ele já tinha prometido na campanha de 2018 que isentaria quem ganhasse menos de cinco mil. Não cumpriu a promessa. Mentiu. Lula já vinha propondo isentar quem ganha até cinco mil caso ganhe a eleição. Bolsonaro, então, passou a falar também em isenção de quem ganha até seis mil reais. Pura demagogia
Sim porque ele não cumpriu nem mesmo a sua promessa da campanha de 2018 e não se dignou nem mesmo a reajustar a tabela de valores para desconto do imposto de renda. O resultado foi que, com a inflação e o não reajuste da tabela, milhões de pessoas passaram a pagar mais imposto.
O fato é que o governo foi pego com a boca na botija tramando mais uma vez contra o povo. Ele vinha fazendo uma vasta demagogia na campanha da reeleição e o seu ministro da Economia deixou vazar o plano de implantar um arrocho nos salários e nas aposentadorias só visto na época da ditadura.
S.C.
Só o cercadinho do Planalto e os Minions acreditam no Pinochio com faixa Presidencial