São bilhões de recursos retirados de investimentos públicos e do bem estar da população que foram transferidos a bancos e demais rentistas
Em 12 meses até setembro, o governo Bolsonaro transferiu para o setor financeiro, por meio dos juros da dívida pública, a soma de R$ 591,996 bilhões – renda de toda sociedade que poderia estar sendo revertida em investimentos para a melhoria dos serviços públicos e fomentando o setor produtivo nacional. De acordo com dados do Banco Central (BC) essa cifra bilionária representa 6,29% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. No mesmo intervalo de meses de 2021, foram transferidos R$ 351,8 bilhões (4,17% do PIB).
Esses R$ 239,4 bilhões pagos a mais em um ano refletem a política estúpida do Banco Central (BC), com o aval do governo, de elevar a taxa básica de juros da economia (Selic) de 2% ao ano em março de 2021 para os atuais 13,75% ao ano – medida essa que não resolveu o problema da inflação, mas agravou a situação econômica do país ao travar os investimentos, desestimulando o consumo e agravando o endividamento das famílias e das empresas.
Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC decidiu pela manutenção da Selic em 13,75% ao ano, mantendo assim, o Brasil na liderança mundial de juros reais. Descontada a inflação projetada para os próximos 12 meses, o brasileiro paga 7,80% em taxas de juros reais, de acordo com MoneYou e Infinity Asset Management.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) afirma que esta política monetária “no campo contracionista” está desestimulando a economia. Segundo a entidade, “os juros em nível mais baixo deixam de representar entrave tão intenso ao consumo e aos investimentos e, assim, permitem melhor desempenho da economia”.
Sob o peso dos juros altos, além da falta de uma política nacional de fomento para o setor, o desempenho indústria brasileira retraiu 2% no primeiro semestre deste ano, na comparação com o mesmo período do ano passado – ficando na 100ª colocação em um ranking de 113 países avaliados pela Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO), cujos dados foram compilados pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI).