O cardeal Odilo Scherer, Arcebispo de São Paulo, destacou que “o resultado das urnas atesta o que o povo escolheu” e, portanto, os eleitos devem governar, enquanto quem não foi eleito é chamado a atuar na oposição, “controlando e cuidando para que o eleito governe bem e não haja desvio de rumos e nem corrupção”, reforçando que o poder deve ser exercido em benefício do povo.
“Terminado este momento da eleição, é hora de acalmar os ânimos. Cada um assuma a sua parte e não deve mais haver vencedores e vencidos, mas, sim, o desejo de caminhar juntos em um projeto para construir um Brasil melhor, um estado de São Paulo melhor”, exortou Dom Odilo.
O Cardeal Scherer acrescentou que todos, de maneiras diferentes, desejam o bem para o Brasil e o estado. Para isso, cada um deve acompanhar aqueles que foram eleitos e exigir deles que realizem aquilo que prometeram em função do bem comum. “Ninguém é eleito para ser um mal governador ou presidente. Todos devem ter em mente um projeto bom para que o Brasil e o estado sejam melhores”, completou.
“Os adversários políticos não devem ser considerados inimigos. Pode ser que estejam na nossa própria casa, na nossa turma de trabalho, na vizinhança, na nossa Igreja, na nossa comunidade. Isso é possível e podemos conviver porque há valores maiores que nos unem e esses que agora são importantes”, destacou o Arcebispo, completando que é em função de tais valores que todos devem caminhar juntos em prol do bem comum.
CNBB conclama população ao “exercício da cidadania”
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou nesta segunda-feira (31) uma nota sobre a o resultado das eleições em que conclama à reconciliação. O momento, segundo o texto, “convoca-nos, ainda mais, para a reconciliação, essencial ao novo ciclo que se abre”.
De acordo com a entidade, o caminho que todos os brasileiros, indistintamente, precisam trilhar a partir de agora é o de “acompanhar, exigir e fiscalizar aqueles que alcançaram êxito nas urnas. E que “o exercício da cidadania não se esgota com o fim do processo eleitoral”, diz o documento.
A CNBB parabeniza todos os candidatos eleitos para os diversos cargos e também cumprimenta a Justiça Eleitoral pela forma como conduziu o processo. “Parabeniza ainda o Tribunal Superior Eleitoral por sua atuação no zelo de todo o processo democrático”.
“Todos possam caminhar unidos para a construção da política melhor, aquela que está a serviço do bem comum, conforme define o nosso amado Papa Francisco. São os votos da CNBB. É o que suplicamos em preces para o nosso país”, diz o texto.
“Com a materna intercessão de Nossa Senhora Aparecida – Rainha e Padroeira do Brasil, Deus muito abençoe a sua vida e a sua família”, conclama a CNBB.
AGRESSÕES HOSTIS
Padres, bispos e fiéis da Igreja Católica em todo o país foram alvos de sucessivas hostilidades por parte dos apoiadores do candidato derrotado na eleição presidencial, Jair Bolsonaro (PL), atual presidente da República.
No dia 12 de outubro – dia de Nossa Senhora Aparecida – padroeira do Brasil, atraídos pela presença do então candidato no Santuário Nacional de Aparecida, seus seguidores compareceram ao local causando tumulto durante as solenidades religiosas.
Imagens de TV flagaram seguidores de Bolsonaro hostilizando jornalistas da TV Vanguarda, ligada ao Santuário, onde são celebradas as homenagens, com xingamentos e ameaças. As imagens do incidente mostraram que alguns bolsonaristas bebiam cerveja no local, comportamento que destoa de uma cerimônia religiosa.
Em uma das cenas, um homem mostra uma caneca de cerveja com a imagem do presidente e grita: “Deus está aqui, olha!”, apontando para a imagem de Bolsonaro.
Também na Basílica Histórica, onde tradicionalmente todos os dias, as 15h, ocorre a Consagração à Nossa Senhora Aparecida, um momento de fé e oração, houve confusão. A cerimônia foi interrompida por vaias dos seguidores do então candidato ao padre celebrante, o missionário redentorista Camilo Júnior.
Ao término da consagração, o religioso afirmou que aquele não era o momento de pedir voto, mas de “pedir bênção” à santa.