O Ministério do Trabalho divulgou nesta quarta-feira (20) que o Brasil criou 33.659 vagas de emprego formal no mês de maio, segundo os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
Enquanto o setor agropecuário (café, laranja, bovinos e florestas) abriu 29.302 postos, a indústria de transformação – o setor que alavanca a economia, hoje no fundo do poço – fechou 6.464 postos de trabalho. O setor do comércio, que expressa bem o consumo das famílias, encerrou 11.919 postos de trabalho em maio.
No momento em que Michel Temer antecipava os números no Twitter: “Acabo de receber os números do Caged. Foram criados mais de 33 mil empregos formais no mês de maio no Brasil”, milhares de pessoas enfrentavam uma enorme fila, pelo terceiro dia seguido, em São Gonçalo (RJ), em busca de uma vaga de emprego num shopping.
Muitas delas começaram a chegar ao estabelecimento comercial local por volta das 16 horas de segunda-feira para conseguir uma das 200 senhas que seriam oferecidas por dia, de terça a quinta.
Os depoimentos das pessoas, ouvidas pelo G1, revelam a tragédia que atinge milhões de brasileiros em todo o país.
Homens e mulheres, mães com crianças de colo, mães chefes de família, dormiram ao relento para garantir uma das fichas, numa empresa que está apenas recolhendo os currículos.
O prazo para o estabelecimento começar a funcionar é agosto, porém, o não foi divulgado o número de vagas a serem oferecidas.
“É muito esforço, o mercado de trabalho está fechado e eu estou com 42 anos. Nessas horas é que a gente vê o tamanho do desemprego no nosso país”, declarou a dona de casa Rosangela Almeida.
“Eu sou a provedora da minha da casa, sou eu que levo o pão de cada dia todos os dias. Então, comigo desempregada, como eu vou pagar as contas, como eu vou sobreviver. Eu espero que não só eu, mas todos que estão aqui consigam realizar o sonho que a gente está buscando hoje, uma vaga de emprego”, disse Trindade Clarinda.
Em busca de emprego há seis meses, o técnico de informática, Bruno Leonardo Martins Ferreira, de 39 anos, relatou que está tentando vaga “em qualquer área”. “Tenho dois filhos e preciso pagar a pensão”.
Já a jovem Luciana chegou por volta das 19 horas de segunda-feira, com sua filha Pietra de apenas um ano de vida, a irmã, a tia e uma amiga. “Dormimos aqui no chão mesmo”, declarou.
IBGE
De fevereiro a abril, a catástrofe do desemprego, fruto da recessão econômica dos governos Dilma/Temer, atingiu 13,4 milhões de brasileiros, segundo a PNAD Contínua do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E ainda falta trabalho para 27,7 milhões pessoas no país, se somarmos o número de desempregados mais as pessoas que estão no subemprego, buscando qualquer bico para sobreviver.
A mesma pesquisa do IBGE diz que o número de empregados com carteira de trabalho assinada (32,7 milhões) caiu -1,7% frente ao trimestre anterior (novembro de 2017 a janeiro de 2018), uma redução de 567 mil pessoas. Não houve criação de emprego com carteira assinada e sim queda. Já a população ocupada (90,7 milhões) no trimestre de fevereiro a abril de 2018 caiu 1,1% em relação ao trimestre de novembro de 2017 a janeiro de 2018 (menos 969 mil pessoas).
Voltando ao Caged/MTE, de maio de 2014 (40.539), quando teve início a recessão, a maio de 2018 (38.249) há um déficit de 2,695 milhões empregos formais no país.
Segundo o Caged, o número de 33.659 empregos criados em maio é o saldo, o total de 1.277.576 contratações menos 1.243.917 demissões no período.