Em entrevista à agência Reuters e publicada na quarta-feira (22), Dia Mundial do Refugiado, o Papa Francisco condenou a chamada política de tolerância zero do governo Trump, dizendo que apoiava a declaração dos bispos norte-americanos de que a separação das crianças de seus pais imigrantes era “imoral” e “contrária aos valores católicos”. “Estou ao lado desses bispos”, afirmou.
O Pontífice também repeliu a “psicose” contra “os imigrantes” que vem grassando em muitos países europeus, de que a recusa a receber o navio Aquarius com centenas de refugiados foi a mais recente expressão. “Eu acho que você não pode recusar as pessoas que entram. Você tem que recebê-los, ajudá-los, cuidar deles, acompanhá-los e depois ver onde estabelecê-los, mas por toda a Europa”.
“As pessoas fogem da guerra ou da fome”, assinalou Francisco, que depois, pelo Twitter registrou que “a dignidade da pessoa não depende de ela ser cidadã, migrante ou refugiadas. Salvar a vida de quem foge da guerra e da miséria é um ato de humanidade”. Ele também se referiu à devolução ao ponto de partida “das pessoas que vêm” e que acabam “nas prisões dos traficantes”. A questão – apontou – é porque as pessoas estão vindo. Quando um país cede a independência a um país africano, é “do solo para cima – o subsolo não é independente – e depois se lamentam porque os africanos famintos vêm para cá”.
O Papa recordou ainda que o problema da separação das famílias já existia antes de Trump ser presidente dos EUA: “Na época de Obama celebrei uma missa em Ciudad Juarez (México), na fronteira, e da outra parte concelebraram 50 bispos, no estádio havia muitas pessoas. Já havia este problema, não é só no mandato de Trump, mas também nos governos anteriores”.