O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou no domingo (6) que a Polícia Federal ouça em até 48 horas o economista Marcos Cintra, em razão da divulgação de informações falsas levantando suspeitas em relação às urnas eletrônicas.
O magistrado também determinou que o ex-secretário da Receita Federal, que foi candidato a vice-presidente na chapa da senadora Soraya Thronicke (União Brasil) nas eleições deste ano, se abstenha de publicar, promover, replicar e compartilhar “notícias fraudulentas” envolvendo o processo eletrônico de votação brasileiro, sob pena de multa diária de R$ 20 mil em caso de descumprimento.
No sábado (5), Cintra disse em seu perfil no Twitter concordar com questionamentos feitos pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre o sistema eletrônico de votação.
Na decisão, Moraes cita que as publicações do ex-secretário da Receita Federal incluem ataques ao STF e ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), além de espalhar “notícias fraudulentas acerca do funcionamento das urnas eletrônicas e do processo eleitoral”.
Moraes também fixou multa diária de R$ 100 mil, caso o Twitter não bloqueie os perfis ligados a Cintra. No próprio domingo, a plataforma suspendeu a conta do economista por “ordem judicial”.
O ministro cita as publicações de Cintra na decisão. Afirma que o ex-secretário utilizou “as redes sociais para atacar as instituições democráticas, notadamente o Tribunal Superior Eleitoral, bem como o próprio Estado Democrático de Direito, o que pode configurar, em análise preliminar, crimes eleitorais”.
Em uma das publicações, Cintra afirmou que Bolsonaro teve “zero votos em centenas de urnas” e chegou a dizer que as dúvidas sobre a eleição eram legítimas. Disse também que o fato dessas urnas estarem em comunidades quilombolas e indígenas “não explica esses resultados, sob pena de admitir que essas comunidades foram manipuladas”.
Cintra chegou a escrever também que, caso houvesse registros em papel, esses casos poderiam ser rapidamente descartados, evitando dúvidas sobre a integridade do sistema.
Levantamento publicado pelo jornal “O Globo” aponta que, em 147 seções, apenas um dos candidatos recebeu todos os votos. Lula foi o escolhido em 144 delas e Bolsonaro, nas outras três. Nessas urnas, foram depositados 16.579 votos válidos – o equivalente a 0,01% do total do Brasil.
Dos 144 locais em que apenas Lula foi votado, 98 tinham “aldeia”, “comunidade” ou “povoado” no nome. Em uma das seções, no Maranhão, um líder indígena entrevistado pelo jornal confirmou que todos os votos foram para o candidato do PT.
Segundo o TSE, é comum a convergência nos votos em comunidades indígenas ou quilombolas e não representa indício de fraude.
UNIÃO BRASIL ENCERRA CONTRATO
Nesta segunda-feira (7), o União Brasil encerrou um contrato de R$ 45 mil mensais que mantinha com Marcos Cintra. Ele integrava o partido desde sua fundação, no ano passado, como consultor.
De acordo com o site “O Antagonista”, o contrato iria até dezembro, mas não será renovado. O motivo do rompimento foi a série de tuítes publicados pelo economista, onde questiona o processo eleitoral brasileiro e alerta para fantasiosas fraudes na votação.
Para o partido, as suposições levantadas por Cintra constituem “motivo grave, que atenta contra a democracia”.
Marcos Cintra: segundo Marquês de Maricá, a civilização moderna tem reduzido o número de tolos, mas aumentado proporcionalmente a dos velhacos. E Petrônio Evangelista, diz que ficar velho uma dadiva velhaco é opção.