As centrais sindicais divulgaram na sexta-feira (4) uma nota de repúdio à decisão do Conselho de Administração da Petrobrás de antecipar a Distribuição de lucros de quase R$ 44 bilhões. A decisão da empresa, segundo as centrais, “atende somente ao interesse de lucro dos acionistas nacionais e estrangeiros”.
“O total de dividendos anual chegará a quase R$ 180 bilhões, fato que torna a Petrobras a maior empresa pagadora de dividendos do mundo. Com isso, a petroleira desbanca as 1.200 maiores empresas globais por valor de mercado. A maior parte dos dividendos é direcionada a acionistas privados, sobretudo estrangeiros”, afirmam as entidades.
As centrais criticam também o pouco investimento realizado pela estatal em 2022 que, conforme relatórios financeiros da empresa, soma R$ 17 bilhões.
“Sem planejamento de investimento de longo prazo e desconectada da missão de produzir tecnologia para a expansão da produção de energia renovável, a empresa atende somente ao interesse de lucro dos acionistas nacionais e estrangeiros”, diz a nota.
Prosseguindo, as entidades acusam ainda a direção da Petrobrás, sob o governo Bolsonaro, de encolherem seus investimentos a cada ano e de promoverem “uma política para se vender unidades da empresa, o deslocamento de encomendas de plataformas para a Ásia, o arrendamento internacional de embarcações, todas medidas que afetam a capacidade de investimento, de produção e difusão de inovação tecnológica, de geração de emprego e de renda na economia nacional”.
“A política de preços e de lucros exorbitantes da Petrobras pressiona a inflação, aumenta o custo de vida e a estrutura de preços de todo o sistema produtivo. As medidas adotadas pelo atual Governo para reduzir o preço dos combustíveis e garantir os lucros estratosféricos aos acionistas retiraram receita tributária (ICMS) dos Estados prejudicando políticas públicas de saúde, educação, segurança etc”, afirma a nota.
Afirmando que “a antecipação de distribuição dos lucros exorbitantes é uma manobra contra os interesses da nação”, as centrais se posicionam a favor “das denúncias e iniciativas da FUP (Federação Única dos Petroleiros) e da Anapetro (Associação que representa os petroleiros acionistas minoritários da Petrobrás) junto ao Tribunal de Contas da União (TCU), Procuradoria Geral da República (PGR) e Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para evitar que a gestão da Petrobras e o Conselho de Administração (CA) da empresa encaminhem essa uma nova distribuição de megadividendos”.
“As denúncias se reforçam com a eleição de um novo governo que apresentará sua estratégia de desenvolvimento para o país e para a qual a Petrobras, em especial a sua capacidade de investimento, será essencial”, afirmam os sindicalistas.
A nota é assinada por Sergio Nobre, presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores); Miguel Torres, presidente da Força Sindical, Adilson Araújo, presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil); Ricardo Patah, presidente da UGT (União Geral dos Trabalhadores); Moacyr Roberto Tesch Auersvald, presidente da NCST (Nova Central Sindical de Trabalhadores); Antônio Neto, presidente da CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros); Nilza Pereira Almeida, secretária-geral da Intersindical Central da Classe Trabalhadora, e José Gozze, presidente da Publica Central do Servidor.