Um de cada dois alemães pesquisados teme não ter dinheiro suficiente para pagar os custos de combustível necessários para resistir ao forte inverno que se aproxima, revelou um estudo publicado pelo jornal ‘Bild’, na segunda-feira (07).
A pesquisa identificou ainda que 62% dos alemães estão insatisfeitos com o trabalho do chanceler Olaf Scholz e sua coalizão, considerando que as medidas adotadas pelo governo desde que ele assumiu o cargo em dezembro não serão suficientes para conter a crise energética no país europeu, derivada das sanções que a União Europeia impôs ao fornecimento de combustíveis russos no âmbito do conflito entre Moscou e Ucrânia desde fevereiro.
28% dos alemães consultados declararam que, com certeza, não poderão continuar pagando suas contas de energia nos próximos meses, enquanto pelo menos 20% temem perder seus empregos devido ao impacto da crise energética.
Diante desse cenário, Berlim anunciou um plano de 200 bilhões de dólares para apoiar as indústrias e o consumo doméstico de energia, buscando mitigar os altos custos.
Vários empresários que participaram num painel realizado durante a Exposição e Conferência Internacional de Petróleo de Abu Dhabi (ADIPEC 2022), em 3 de novembro, alertaram a comunidade internacional sobre os tempos complexos que se avizinham para o território europeu devido à escalada dos preços da energia e à recusa de Bruxelas de abastecer a região com gás de origem russa.
‘ALEMANHA OBEDECE AS ORDENS DA CASA BRANCA’
“A Alemanha obedece sem piscar as instruções russofóbicas da Casa Branca que ordenou a retirada da Rússia do mercado europeu de energia”, assegurou o chefe do Ministério das Relações Exteriores da Rússia para a Europa, Oleg Tiapkin.
“Agora vemos as consequências dessa estratégia. Basta rever os ‘sucessos’ nesse sentido do gabinete de Olaf Scholz para que tudo fique claro. A proibição da entrada em operação do gasoduto Nord Stream 2, as pressões sobre estruturas subsidiárias da empresa russa Gazprom e depois a sua expropriação, a nacionalização de facto dos ativos da petrolífera russa Rosneft, a inação de Berlim face ao bloqueio do trânsito do nosso gás por Varsóvia e Kiev, as restrições à reparação e manutenção dos equipamentos do gasoduto Nord Stream 1”, detalhou.
“Uma rejeição total do combustível azul russo pela Alemanha, nos próximos dois anos, é possível. Quanto às consequências dessa medida, elas já são evidentes: crise econômica e energética na Alemanha, enorme crescimento dos preços dos recursos naturais, redução e transferência para o exterior da produção e dos investimentos, e como consequência a diminuição da competitividade da economia alemã e do poder aquisitivo da população”, assinalou o diplomata à Agência Sputnik.