Em uma situação onde 13 estados declaram problemas no estoque de antirretrovirais, pessoas vivendo com HIV relatam a aflição e os riscos diante das últimas falhas na distribuição de remédios que fazem parte do coquetel contra a Aids.
Vinicius Silvino, de 25 anos é músico e luta pelo fim da discriminação contra pessoas portadoras do vírus. Agora, ele solta a sua voz para expor as falhas na distribuição de medicamentos, demonstrando a angústia das mais de 830 mil pessoas que fazem o tratamento de HIV/AIDS no Brasil.
“Remédios que eu recebia em quantidade suficiente para dois meses, passaram a ser entregues para apenas um. Outros passaram a ter distribuição quinzenal. Isso nos coloca em constante apreensão e a alguns de nós, em risco”, alerta.
“O Brasil está vivendo um dos piores momentos em relação à distribuição de antirretrovirais. Sempre falta em algum lugar. Estamos em um processo de retrocesso enorme. O governo está brincando com a vida das pessoas”, diz o psicólogo e porta-voz da Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS, Salvador Côrrea.
Atualmente, o SUS oferece, gratuitamente, 22 medicamentos para soropositivos, 12 deles produzidos no Brasil. Nos últimos meses, pelo menos 13 estados declararam problemas no estoque de antirretrovirais. “É muito triste tudo que está acontecendo. Os meses de julho e agosto foram um caos”, afirma Regina Bueno, advogada e defensora das causas de pessoas que vivem com HIV/Aids. Foi ela a quem o jovem Alex (nome fictício), carioca de 28 anos, recorreu quando se viu pela primeira vez sem ter o lamivudina (que faz parte do coquetel) para tomar. “Fiquei um dia sem. No mês passado, foi a mesma coisa. É complicado, não era para acontecer. Então, tenho medo do que possa ocorrer daqui pra frente”, lamenta o rapaz, que está em tratamento há mais de um ano.