R$ 123 milhões do montante têm como origem as emendas de relator, ou orçamento secreto. Empresa é de Vittorio Medioli, prefeito de Betim (MG)
Apoiador de Jair Bolsonaro (PL) que defendeu separar o Nordeste do Brasil após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), dia 30 de outubro, nas eleições, o prefeito de Betim (MG), empresário Vittorio Medioli, soma R$ 480 milhões em contratos firmados entre a empresa dele e o atual governo chefiado por Bolsonaro.
De acordo com informações do jornal Folha de S.Paulo, ele é um dos sócios da Deva Veículos, concessionária que desde 2019, no início da gestão Bolsonaro, já recebeu R$ 230 milhões referentes a contratos com a Administração federal.
Segundo o jornal, R$ 123 milhões do montante tem como origem as chamadas emendas de relator, ou orçamento secreto. Somente emendas individuais do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), renderam empenhos de R$ 7,9 milhões à empresa.
Conforme foi apurado, as concorrências públicas ganhas pela Deva ocorreram de forma simplificada, em pregão eletrônico e dos 34 lotes de pregões que a empresa disputou e venceu em 2021, houve baixa competitividade, com apenas um outro participante.
Ainda segundo o jornal, em nove desses, só a concessionária deu lances. Assim fica fácil. Sem contar que isso é muito estranho.
Quem é Vittorio Medioli? Empresário e político italiano, de Parma, naturalizado brasileiro em 1981. Vive no Brasil desde 1976, onde se estabeleceu com o objetivo de empreender no setor de transportes do país. É dono de várias mídias, como rádio, jornais impressos e sites de notícias: entre esses, os jornais O Tempo, Super Notícia e Pampulha e a rádio Super.
CONTRATOS MILIONÁRIOS
O caso que mais chama a atenção é o do maior lote vencido pela Deva, para entrega de 110 caminhões de lixo para a superintendência da Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba) em Alagoas, no valor de R$ 52 milhões.
Ainda na gestão Bolsonaro, a empresa soma empenhos de R$ 330 milhões. Depois das emendas de relator, a principal origem dessa verba são as indicações feitas pela bancada do Tocantins (R$ 65 milhões em emendas), seguida pela de Alagoas (R$ 42 milhões).
Mais de R$ 210 milhões dos contratos da Deva com a Codevasf em 2021 referem-se a pregões para entregas a Estados nordestinos — Alagoas, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte.
RETRATAÇÃO
A imprensa procurou Medioli e a Deva Veículos por meio das assessorias de imprensa da Prefeitura de Betim e do grupo Sada, do qual a Deva é integrante e Medioli é fundador presidente. Ele se retratou.
Todavia, é importante que se diga ou se esclareça, o empresário bolsonarista é um político reacionário. Assim, a retratação não é sincera. Tem o objetivo apenas de “dourar a pílula”. E escapar das críticas e os chamados cancelamentos tão comuns nessa era digital.
Quanto ao primeiro texto de Medioli sobre a separação do Nordeste, o grupo Sada afirmou por meio de nota que “respeitosamente, entendemos que se tratou de um artigo infeliz, devidamente retratado, que não expressa, de forma alguma, o pensamento real de Vittorio Medioli”.
Segundo a nota, “a Deva venceu alguns desses pregões (não todos) porque ofereceu as melhores condições, o melhor preço e, também, a concordância com todos os termos dos contratos”.
De acordo com a nota, a Deva participou como concessionária exclusiva da marca Iveco e modelos de outras marcas também estavam habilitados. “Está longe de qualquer realidade todo o apontamento que ao menos sugira direcionamento ou distorção”, escreveram.
Em relação ao pregão em que deu desconto de apenas 0,1%, a Deva afirmou que o preço referencial era muito baixo em relação ao mercado, o que afugentou outros concorrentes. “Arrematamos tendo a clareza de que estávamos sacrificando parcialmente nossa margem de lucratividade”, completou.
A Codevasf afirmou que suas licitações cumprem a lei e “a competitividade dos pregões é determinada por circunstâncias de mercado, sobre as quais a Codevasf não exerce influência”.
M. V.
esse traidor deveria ser expulso do Brasil. não precisamos desse lixo e sanguessuga dos cofres públicos.