A Polícia Civil de Pernambuco investiga o ataque ocorrido no Centro de Formação Paulo Freire, no Agreste de Pernambuco. O espaço foi alvo de um incêndio no final de semana e teve as paredes pichadas com suásticas, símbolo do nazismo, e a palavra “mito”. Além disso, a casa da coordenadora do centro, nas proximidades, foi arrombada e incendiada.
O caso está sendo investigado como um “incêndio criminoso”. A corporação não quis dar detalhes do episódio e até o momento ninguém foi preso. No entanto, o governador do Estado, Paulo Câmara (PSB), estabeleceu prioridade na investigação.
“Determinei ao secretário de Defesa Social, Humberto Freire, prioridade na investigação da invasão registrada no Centro de Formação Paulo Freire. Não vamos tolerar ataques de natureza discriminatória e de incentivo ao ódio em nosso Estado”, sustentou o governador nas redes sociais.
ATAQUE
Em nota divulgada na segunda-feira (14), o MST em Pernambuco relatou que quatro homens vestindo camisas amarelas foram vistos invadindo o local, situado no assentamento Normandia, durante a madrugada de sábado (12).
“Aproveitaram uma festa de vaquejada, com som extremante alto, que estava ocorrendo no Parque de Vaquejada Milanny, na frente de nosso assentamento. Às 3h, os bolsonaristas invadiram o espaço do centro”, afirmou o MST.
Alertados, os responsáveis pela administração do espaço conseguiram apagar o fogo, mas a casa da coordenadora foi parcialmente destruída, assim como seus móveis e pertences.
Não é a primeira vez que o Centro de Formação Paulo Freire é atacado. Em 2019, no primeiro ano do governo Jair Bolsonaro, uma ação de despejo contra o espaço foi apresentada na Justiça. A tentativa foi barrada depois que uma extensa campanha de solidariedade se espalhou pelas redes sociais no Brasil e em várias partes do mundo.
Desde então o processo ficou parado, aguardando providências por parte do Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra) que, em função da pandemia e da falta de interesse do atual governo, ainda não foram adotadas, informa o movimento. “Esperamos resolver de forma definitivamente, tão logo o novo governo federal tome posse”, diz a nota.
[..] Saímos de uma jornada eleitoral polarizada e acirrada. O Brasil e o povo brasileiro clamavam por atitudes e empenho para resgatar a democracia, os preceitos constitucionais do estado democrático de direito e uma postura enérgica contra a fome, contra a violência, contra o ódio e contra todo o tipo de preconceito”, destaca o MST/PE. “Os bolsonaristas foram derrotados nas eleições, mas uma minoria, movida pela intolerância, preconceito e ódio de classe, de raça e gênero, não aceita os resultados da democracia e está querendo nos impor um terceiro turno”, critica o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra.