Membro da equipe de transição, o ex-ministro disse que até “Milton Friedman assinaria embaixo”
O ex-ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes (PSDB), defendeu que o montante necessário para o pagamento de R$ 600 do Bolsa Família, ou Auxílio Brasil, deve estar fora do teto de gastos para ajudar no combate à fome.
Para ele, é “evidente” a necessidade de, “em um país em que tem tanta gente passando fome, ter recursos para atender as necessidades das famílias mais pobres que não sejam afetados pelas restrições fiscais que afetam os outros setores da administração”.
“Me parece uma coisa meio óbvia, de modo que eu acho que é natural que nessa PEC de Transição essa questão da Bolsa Família seja tratada como um caso à parte, com regras especiais”, afirmou o ex-ministro em entrevista à Globonews, na quinta-feira (17).
A liderança do PSDB, que compõe a equipe de transição, disse que até “Milton Friedman assinaria embaixo”, se referindo a um dos fundadores do “neoliberalismo”. “Não creio que isso colocaria o Brasil no banco dos réus do neoliberalismo mundial”.
A PEC da Transição tem como objetivo permitir que o governo eleito tenha condições de realizar um combate à fome com os R$ 600 do Bolsa Família e outros programas.
Isso porque o Orçamento para 2023, produzido pelo governo Bolsonaro, prevê cortes em diversas áreas do atendimento às famílias pobres. É o caso do Farmácia Popular e do Minha Casa Minha Vida, que ficaram sem recursos para serem executados no próximo ano.
Nem mesmo o valor de R$ 600 do Bolsa Família, ou Auxílio Brasil, que Bolsonaro tanto prometeu na campanha eleitoral, está previsto no Orçamento.
Aloysio Nunes comentou que o governo de Lula vai resgatar a tradição brasileira na política externa, que foi quebrada pelo governo de Jair Bolsonaro.
“Lula já anunciou esse rumo no discurso que fez logo depois da vitória. Ele se refere à política externa como um dos grandes vetores da sua gestão e um campo em que é possível obter, pela projeção internacional do Brasil e pela exploração das nossas potencialidades, muitos e abundantes recursos para o nosso desenvolvimento”, apontou.
“Com essa emergência da questão climática, se faz ver a grande potencialidade do Brasil em exercer um papel cada vez mais importante no mundo”, explicou.
Segundo Aloysio Nunes, “há linhas de continuidade que compõem o perfil do Brasil na cena internacional. O Brasil é conhecido pelas suas características de um país grande, que tem uma vizinhança pacífica, que tem grandes potencialidades internas [econômicas e culturais], uma grande potência ambiental. Isso tudo é reconhecido”.
Ainda na entrevista, o ex-ministro defendeu que o ministro da Defesa do próximo governo deve ser um civil. “É um cargo civil. É natural e desejável que seja entregue a um político civil. Tivemos experiências exitosas com civis de peso político”, argumentou.