A colaboração premiada do ex-ministro Antonio Palocci foi homologada pelo desembargador João Pedro Gebran Neto, relator da Operação Lava Jato no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), Porto Alegre.
Palocci foi ministro e operador de Lula e ex-dirigente nacional do PT por décadas. O acordo de colaboração foi fechado com a Polícia Federal (PF) e foi homologado na sexta-feira (22) pelo TRF-4.
O conteúdo da colaboração está em sigilo, mas a TV Globo diz ter apurado que Palocci cita nos depoimentos fatos envolvendo os ex-presidentes Lula e Dilma Roussef e aborda pagamentos de empreiteiras e desvios na Petrobras.
Palocci está preso desde setembro de 2016, na carceragem da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba. Ele foi condenado a 12 anos de prisão, acusado de participar de um esquema de corrupção envolvendo a empreiteira Odebrecht e contratos de sondas com a Petrobras.
Em setembro do ano passado, Palocci enviou uma carta se desfiliando do PT e revelando fatos da sua relação com Lula e Dilma. Num dos trechos da carta, ele diz: “acompanhei de perto a evolução da nossa deterioração moral”. “Um dia, Dilma e Gabrielli dirão a perplexidade que tomou conta de nós após a fatídica reunião na biblioteca do Alvorada, onde Lula encomendou as sondas e as propinas, no mesmo tom, sem cerimônias, na cena mais chocante que presenciei do desmonte moral da mais expressiva liderança popular que o país construiu em toda nossa história”, registra o documento.
“Tenho certeza”, acrescentou ele, “que cedo ou tarde o próprio Lula irá confirmar tudo isso, como chegou a fazer no mensalão”. Palocci questionou ainda o comportamento dos militantes do partido. “Até quando vamos fingir acreditar na autoproclamação do ‘homem mais honesto do País’ enquanto os presentes, os sítios, os apartamentos e até o prédio do Instituto (!!) são atribuídos à Dona Marisa?”, disse. “Afinal, somos um partido político sob a liderança de pessoas de carne e osso ou somos uma seita guiada por uma pretensa divindade?”, questionou Palocci.
Palocci já confirmou que entregou pessoalmente pacotes de dinheiro vivo para Lula e relacionou datas e valores entregues por um de seus principais assessores, Branislav Kontic, também na sede do Instituto Lula. Segundo Palocci, os pagamentos regulares a Lula, feitos nos últimos meses de 2010, quando ele se preparava para deixar o Planalto, chegavam a somar R$ 50 mil. Dinheiro que seria usado pelo ex-presidente para bancar despesas pessoais.
Além disso, ele disse que Emílio Odebrecht colocou à disposição de Lula uma reserva de R$ 300 milhões para despesas pessoais e para campanhas do PT. Segundo Palocci, Dilma sabia de tudo e compactuava com o esquema.
Em maio, o juiz Sérgio Moro já bloqueou R$ 80 milhões do ex-ministro. Ainda faltam mais R$ 70 milhões.