Em meio à comoção nos EUA e no mundo inteiro pela separação forçada dos filhos de imigrantes detidos na fronteira pelo regime Trump, declaração do Pentágono de que foi “orientado” a se preparar para abrigar até 20 mil crianças imigrantes e mais 120 mil imigrantes adultos confirma que a xenofobia e a crueldade em Washington parecem não ter fim. Atualmente, só de imigrantes menores desacompanhados são 11 mil cativos. No domingo (24), Trump, pelo Twitter, propôs a deportação sumária e extrajudicial dos imigrantes capturados na fronteira. Na sexta-feira, montou um circo com familiares de “vítimas dos animais” imigrantes.
Na segunda-feira (25) o secretário do Pentágono, general ‘Mad Dog’ Mattis oficialmente confirmou que serão as bases no Texas de Fort Bliss em El Paso e de Goodfellow em San Angelo que sediarão os campos de concentração para imigrantes detidos, sem entrar em detalhes. A porta-voz Dana White havia anteriormente falado em “três bases” no estado e mais outra “em análise” no Arkansas. A ordem de Trump, via Departamento de Saúde e Serviços Humanos, era de “até 20 mil camas temporárias para crianças estrangeiras desacompanhadas”.
Candidamente, como se não se tratasse de campos de concentração para crianças em bases militares, Mattis asseverou que “forneceremos o apoio que o Homeland precisa para abrigar as pessoas sob sua custódia”. “Não vamos entrar no aspecto político”, acrescentou, dizendo que era simplesmente um “apoio logístico” ao Homeland, que cuida da imigração. Mas mostrando que os brutos também fazem poesia, esmerou-se com “fornecer abrigo para aqueles que precisam é uma função governamental legítima”.
Na sexta-feira (22), já havia vazado um memorando estendendo os campos de concentração também às bases da Marinha, com a meta de segregar mais 120 mil imigrantes. O documento foi elaborado pela secretária adjunta da Marinha para Energia, Instalações e Meio Ambiente, Phyllis Bayer, para assinatura do secretário da Marinha Richard Spencer.
Serão campos de concentração imensos, com capacidade para 50 mil imigrantes cada um, perto das maiores populações de imigração dos EUA. Dois na Califórnia, um perto de San Francisco e outro junto da maior base de marines do país, entre San Diego e Los Angeles. Em bases do Arkansas seriam confinados mais 25 mil, próximo a Móbile e Orange Beach. O custo estimado para seis meses de apartheid foi de US$ 233 milhões. O memorando também sugere que a proposta de apartar imigrantes em uma base dos marines no Arizona seja analisada mais profundamente.
Enquanto Trump prepara uma extensão em escala exponencial da detenção de imigrantes, veio a público as barbaridades que estão ocorrendo nos ‘abrigos’ e prisões que já estão operando. A Associated Press revelou que os abusos cometidos no ano passado contra jovens imigrantes latinos que chegaram desacompanhados, em abrigo em Shenandoah Valley, perto de Stauton, na Virgínia. De acordo com declarações juramentadas, dadas pelas vítimas em espanhol e depois traduzidas, ao tribunal federal do Distrito Ocidental da Virgínia, crianças de até 14 anos foram espancadas enquanto algemadas, amarradas a cadeiras despidas e encapuzadas e mantida por longos períodos em confinamento solitário, às vezes nuas e no frio.
No Texas, em um ‘centro de tratamento’ em Shiloh, outro tipo de bestialidade. Crianças imigrantes foram dopadas e drogadas, conforme processo judicial apresentado pelo Centro de Direitos Humanos e Direito Constitucional. Um relato diz: “Algumas crianças mantidas em Shiloh relataram ter recebido até nove pílulas diferentes pela manhã e seis à noite, incluindo drogas antipsicóticas, antidepressivos, medicação para a doença de Parkinson e medicações para convulsões. Eles foram ameaçados de permanecerem detidos se recusassem as drogas, denuncia o processo. Após serem drogadas, as crianças experimentavam efeitos colaterais que as deixavam fatigadas e incapazes de andar”.
ANTONIO PIMENTA