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A música brasileira perdeu hoje mais um dos seus grandes nomes, o cantor e compositor Erasmo Carlos, ícone da Jovem Guarda ao lado do amigo e parceiro Roberto Carlos, e um dos precursores do Rock no Brasil, inspirado por Elvis Presley, de quem era admirador.
Erasmo, que além de “Tremendão” também carregava o apelido de “Gigante Gentil”, deixa uma legião de fãs e amigos entre famosos que tiveram a oportunidade de conviver com ele de perto, mas também em cada recanto do Brasil, gerações de avós e avôs, pais, filhos e netos, que cresceram ouvindo suas mais de 600 canções.
Como muito bem definiu o presidente eleito, Lula, logo que soube de sua morte, Erasmo Carlos foi o “Tremendão, amigo de fé, irmão camarada”, que “cantou amores, a força da mulher e a preocupação com o meio ambiente. Deixa saudades e dezenas de músicas que sempre estarão em nossas lembranças e na trilha sonora de nossas vidas”.
O artista faleceu aos 81 anos, no Hospital Barra D’Or, no Rio de Janeiro, onde foi internado ontem, às pressas, após ter recebido alta do mesmo hospital no início do mês.
“Você é lar, você acolhe, você enxerga, você crê. Perdi a capacidade de me lembrar de como era a vida sem você, talvez ela nem tenha existido… e talvez tenha sido tão simples esquecer porque a gente se acostuma facilmente com a paz. Não foi de primeira, você brigou muito para mostrar, mas por fim encontrei a paz em você”, postou a mulher de Erasmo, Fernanda Passos.
O artista nasceu no bairro da Tijuca, no Rio, onde conheceu na infância e adolescência figuras como Tim Maia e Jorge Ben Jor, e onde iniciou suas experiências musicais.
Na década de 50 formou, liderado por Tim Maia, a banda The Sputniks, junto com Arlênio Lívio, Wellington Oliveira e Roberto Carlos. Após o grupo ser desfeito, surge The Snakes, nome sugerido por Carlos Imperial, que agenciava os jovens e promissores artistas. A banda acompanhava tanto Roberto Carlos quanto Tim Maia em suas apresentações de início de carreira.
Nos anos 60, Erasmo compõe “Maria e o Samba”, cantada por Roberto e, antes de enveredar pela carreira solo, faz parte da banda Renato e Seus Blue Caps e participa do programa Jovem Guarda, com Roberto e Wanderléa, onde ganha o apelido de Tremendão.
Já no final dos anos 60, passando pelos anos 70 e 80, Erasmo revela toda sua inquietação musical, fugindo do rótulo da Jovem Guarda – apesar da forte amizade com Roberto Carlos, que perdurou por toda a vida -, e trabalha com diferentes estilos. Grava músicas de Caetano Veloso e Ary Barroso, além da interpretação peculiar do que se tornaria um de seus clássicos, a canção “Sentado à Beira do Caminho”.
Nos anos 70, a influência da cultura hippie e do soul torna-se importante para o artista. Já nos anos 80, é pioneiro no projeto de convidar artistas para apresentações em duetos. Se apresenta e grava com nomes como Nara Leão, Maria Bethânia, Gal Costa, Wanderléa, A Cor do Som, As Frenéticas, Gilberto Gil, Rita Lee, Tim Maia, Jorge Bem, Caetano Veloso, além da participação do parceiro Roberto Carlos nos vocais de “Sentado à Beira do Caminho”.
Nas décadas seguintes, além das parcerias constantes nas canções com Roberto Carlos, gravadas nos discos anuais do artista, participa de vários projetos e recebe, nos anos 2000, prêmios e homenagens como a indicação ao Grammy Latino – Prêmio Excelência Musical da Academia Latina de Gravação -, o prêmio insigne de “à excelência musical”, prêmio UBC pela “União Brasileira dos Compositores”, como o “compositor brasileiro do ano”, entre outras premiações e homenagens.
Em 2021 lançou o álbum “O futuro pertence à… Jovem Guarda”, com oito canções dos anos 60. No último dia 17 de novembro, cinco dias antes de sua morte, o disco ganhou o Grammy Latino 2022 de ‘Melhor Álbum de Rock ou de Música Alternativa em Língua Portuguesa’.