O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), mandou soltar o doleiro Marcelo Rzezinski, preso em maio pela Operação “Câmbio, Desligo”, que investiga uma rede de doleiros que operavam no mercado ilegal de câmbio e lavavam dinheiro para organizações criminosas. Ele é o sexto alvo da operação que ganha liberdade pelas mãos do ministro.
Rzezinski foi denunciado no início deste mês com mais de 60 doleiros. O grupo é acusado de formar uma organização criminosa, que transferia valores irregularmente para fora do país em atendimento a políticos, tendo como clientes o ex-governador Sérgio Cabral e outros políticos do PMDB.
A prisão de Rzezinsk – e de um irmão dele, Roberto – foi decretada pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Criminal Federal do Rio de Janeiro, onde corre a “Câmbio, Desligo”, um desdobramento da Lava Jato no Rio. A investigação, deflagrada no início de maio, aponta lavagem de US$ 6 bilhões.
Na decisão de soltar Marcelo Rzezinski, na última sexta-feira (22), Gilmar Mendes alegou mais uma vez não haver “elementos concretos” que indiquem possibilidade de cometimento de novos crimes ou de fuga que justificariam a prisão preventiva.
Nos últimos 30 dias, Gilmar Mendes já soltou 22 presos por ordem do juiz Marcelo Bretas em investigações relacionadas aos desdobramentos da Operação Lava Jato no Rio de Janeiro.
A Operação Câmbio, Desligo desarticulou um esquema de movimentação de recursos ilícitos no Brasil e no exterior. As operações eram do tipo dólar-cabo, uma forma de movimentação paralela, sem passar pelo sistema bancário, de entrega de dinheiro em espécie, pagamento de boletos e compra e venda de cheques de comércio. De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), a organização criminosa movimentou US$ 1,6 bilhão de dólares (cerca de R$ 5,290 bilhões), num esquema composto por 3 mil offshores (empresas criadas em países que aceitam essas atividades ilícitas, os chamados paraísos fiscais) em 52 países.