Acordo de colaboração aceito pelo TRF-4
Operador de Lula e Dilma cita desvios da Petrobrás e propina de empreiteiras
A aceitação da colaboração do ex-ministro Antonio Palocci, pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), deixou o PT e os lulistas como formigas que não conseguem encontrar o formigueiro, porque este não existe mais.
A questão é a mentira. Lula e seus sequazes somente mentem, mentem e mentem. Sua única defesa é a mentira – pode-se dizer que é uma defesa de mentira, composta por mentiras.
FACHIN
Nos últimos dias, os lulistas têm atacado o ministro Luís Edson Fachin (v. matéria nesta página). O crime de Fachin é manter a própria integridade. Não compactuar com a mentira – isto é, as mentiras deles – é, agora, para Lula e caterva, o maior crime que pode existir.
Assim é o mundo dessa turma, em que tudo é invertido: o criminoso acha-se no direito de atacar homens e mulheres íntegros, porque foi pego na mentira.
O que são os repetidos recursos de Lula, querendo livrar-se da punição pelos seus delitos, senão outras mentiras – ou, talvez, a insistência nas mesmas?
É esse mundo pervertido que é abalado pela confissão de Palocci.
No acordo, homologado pelo desembargador João Pedro Gebran Neto, relator dos processos advindos da Operação Lava Jato no TRF-4, Palocci somente terá direito aos benefícios que a lei prevê para a colaboração premiada, quando se comprovar que suas informações são verdadeiras.
O que são essas informações, é possível ter uma ideia pela amostra que foi seu depoimento perante o juiz Sérgio Moro, a 6 de setembro do ano passado – e, dias depois, a carta com a qual se desfiliou do PT:
“Quero adiantar que, sobre as informações prestadas em 06/09/2017 (compra do prédio para o Instituto Lula, doações da Odebrecht ao PT, ao Instituto e a Lula, reunião com Dilma e Gabrielli sobre as sondas e a campanha de 2010, entre outros) são fatos absolutamente verdadeiros. São atuações que presenciei, acompanhei ou coordenei normalmente junto ou a pedido do ex-Presidente Lula”, escreveu Palocci nessa carta. E, mais adiante:
“Vocês sabem que procurei ajudar no projeto do PT e do presidente Lula em todos os momentos. (…) Sei dos erros e ilegalidades que cometi e assumo minhas responsabilidades. Mas não posso deixar de destacar o choque de ter visto Lula sucumbir ao pior da política no melhor dos momentos de seu governo. Com o pleno emprego conquistado, com a aprovação do governo a níveis recordes, com o advento da riqueza (e da maldição) do pré-sal, com a Copa do Mundo, com as Olimpíadas, ‘o cara’, nas palavras de Barack Obama, dissociou-se definitivamente do menino retirante para navegar no terreno pantanoso do sucesso sem crítica, do ‘tudo pode’, do poder sem limites, onde a corrupção, os desvios, as disfunções que se acumulam são apenas detalhes, notas de rodapé no cenário entorpecido dos petrodólares que pagarão a tudo e a todos. (…) quando a luta pelo poder se sobrepõe à luta pelas ideias, a corrupção prevalece”.
Palocci foi o principal ministro de Lula. Mais do que isso, era o principal operador de Lula no ramo das propinas.
Tanto assim que, depois de cair do governo – quando soube-se que havia, com alguns conterrâneos de Ribeirão Preto que constituíam o seu grupo, montado um bordel em um palacete de Brasília, onde realizava “negócios” – foi puxado outra vez por Lula, para controlar as finanças não declaradas da campanha de Dilma, e, depois, para ser o principal ministro de Dilma.
Por que Lula puxou Palocci, depois de tão escandalosa queda, outra vez para o primeiro plano do governo?
Porém, Palocci caiu outra vez do governo – quando se descobriu que seu patrimônio aumentara 20 vezes em quatro anos, inclusive com a aquisição, por R$ 6 milhões e 600 mil reais, de um apartamento com 502,392 metros quadrados, em um luxuoso prédio num bairro grã-fino de São Paulo; além de outro imóvel, por R$ 882 mil, onde instalou a sua “consultoria”, a Projeto.
Durante esses quatro anos, Palocci – que declarara um patrimônio de R$ 350 mil em 2006, quando se elegeu deputado – recebeu, legalmente, R$ 974 mil.
Porém, somente com esses imóveis, seu patrimônio aumentou em R$ 7 milhões e 400 mil.
De onde vinha esse dinheiro?
No depoimento ao juiz Moro, Palocci, que era chamado de “Italiano” nas planilhas do departamento de propinas da Odebrecht (também conhecido como “setor de operações estruturadas”), relatou:
“O Emílio Odebrecht abordou Lula no final de 2010, não foi pra oferecer alguma coisa, doutor. Foi pra fazer um pacto, que eu chamei de pacto de sangue. Envolvia um presente pessoal que era um sítio, envolvia o prédio de um museu pago pela empresa, envolvia palestras pagas a R$ 200 mil, fora impostos, combinadas com a Odebrecht. E envolvia uma reserva de R$ 300 milhões.
“Ele [Lula] gostou disso, tanto é que na segunda vez falou que o doutor Emílio tinha confirmado R$ 300 milhões e poderia ser mais (e que era) pra eu cuidar disso”.
E, sobre o suposto espanto de Lula, diante da proposta de Emílio Odebrecht:
“Eu não estranhei a surpresa do presidente, mas ele não me mandou brigar com a Odebrecht. Ele mandou eu recolher os valores.”
Na carta de desfiliação do PT, Palocci conta como foi decidida, por Lula, a encomenda de sondas pela Petrobrás à Sete Brasil – uma encomenda de US$ 82 bilhões (82 bilhões de dólares), que era um açude de propinas:
“Um dia, Dilma e Gabrielli dirão a perplexidade que tomou conta de nós após a fatídica reunião na biblioteca do Alvorada, onde Lula encomendou as sondas e as propinas, no mesmo tom, sem cerimônias, na cena mais chocante que presenciei do desmonte moral da mais expressiva liderança popular que o país construiu em toda nossa história.”
Palocci terá que pagar por seus crimes, de uma forma ou de outra. Está preso desde 26 de setembro de 2016, já foi condenado a 12 anos, dois meses e 20 dias de cadeia, e não será solto após a homologação de sua colaboração premiada – antes, como já mencionamos, será preciso a verificação de que seus depoimentos correspondem à verdade, e de que são relevantes para as investigações.
DISPOSIÇÃO
Em sua carta ao PT, Palocci disse algo interessante:
“Até quando vamos fingir acreditar na autoproclamação do ‘homem mais honesto do país’ enquanto os presentes, os sítios, os apartamentos e até o prédio do Instituto (!!) são atribuídos à Dona Marisa?”.
Quanto ao depoimento ao juiz Moro, Palocci o encerrou do seguinte modo:
“Fico à sua disposição hoje e em outros momentos, porque todos os nomes e situações que eu optei por não falar aqui, por sensibilidade da informação, estão à sua disposição o dia que o sr. quiser. Se o sr. estiver com a agenda muito ocupada, a pessoa que o sr. determinar, eu imediatamente apresento todos esses fatos com nomes, endereços, operações realizadas e coisas que vão ser certamente do interesse da Lava Jato”.
CARLOS LOPES
Palocci é pior que todos os corruptos juntos. Um dedo-duro, pilantra, usufruiu do esquema e para se livrar da cana entrega todos os seus comparsas.