Entre as inúmeras perversões, a política de “tolerância zero” de Trump mantém uma brasileira imigrante separada há quase três semanas de sua filha pequena, limitada a falar somente por telefone numa ligação de, no máximo 10 minutos, e apenas duas vezes por semana. Até o momento são 51 os pequenos brasileiros que, vistos como ilegais, são amontoados nos “baby jails” norte-americanos, que totalizam mais de 2.300 crianças, muitas delas há mais de três mil quilômetros dos seus pais e sem sequer saber se retornarão algum dia a vê-los.
Em entrevista ao programa Fantástico, uma mãe que preferiu não se identificar, disse que ela e a filha foram presas por agentes da fronteira no dia 31 de maio ao tentar entrar em solo americano pelo Texas e separadas já no dia seguinte. “A gente estava passando uma fase difícil lá no Brasil, né? Não estava nada bom para o meu esposo. Ele acabou se endividando em algumas coisas e resolveu vir. Aí ele veio, e através dessas dívidas, eu também comecei a ser ameaçada. E eu fui, peguei a minha filha mais nova e vim”, relatou. De acordo com a brasileira, ela ficou “na cadeia, em um quarto que tinha cerca de umas 50, 60 mulheres, mais ou menos. Ou até mais, né? Vou colocar umas 70”, contou.
Para completar o reino de angústia e horror, a mulher foi obrigada a passar cinco dias na prisão sem sequer saber onde estava a filha. Frente à pressão, na primeira audiência se declarou “culpada” e foi liberada. Quando saiu da cadeia, a brasileira se encontrou com o marido e o filho que já viviam nos Estados Unidos como imigrantes ilegais. Agora esperam todos a provável deportação, enquanto tentam desesperadamente poder ficar com a menina.