O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, defendeu a colonização como parâmetro para a superação da crise internacional. “Para navegar nesta tempestade, nem as rotas nem os mapas do passado nos servem. Como os descobridores e conquistadores, temos de inventar um Novo Mundo”, afirmou o alto funcionário, defendendo o sistema de pilhagem, violência e genocídio aplicado pelos europeus contra os povos originários da nossa América.
Na Assembleia Parlamentar Euro-Latino-Americana (Eurolat), órgão multilateral formado por 150 parlamentares da Europa e da América Latina, Borrell ressaltou, na última quarta-feira (30), que o mundo vive uma “tempestade perfeita” que, a seu ver, aponta para a necessidade de recalibrar a “bússola estratégica com plena consciência histórica”. Neste momento de “turbulência”, assinalou, “precisamos uns dos outros mais do que nunca”. Mas, para o que se depreende do conjunto de seu discurso, jamais em pé de igualdade.
Elegeu a colonização como paradigma, como denuncia o portal RT, apesar de que ela foi um sistema aplicado na América através da violência, do saque e da exploração dos povos existentes na região.
Nos últimos meses, em que a Europa agrava sua submissão econômica e militar de Washington atirando-se contra a Rússia no conflito ucraniano, Borrell diz que tem procurado se voltar para a América Latina – a fim de procurar repetir velhas tradições.
Ele reconheceu que, embora o bloco europeu não queira “cair em novas dependências” – que não seja a estadunidense, claro -, pretende abrir os seus mercados a uma “relação frutuosa” com parceiros “economicamente e politicamente confiáveis”.
Assim como a dos governos do seu continente, a concepção eurocêntrica, racista e discriminatória do chefe da diplomacia europeia vem de longa data. Em outubro passado, Borrell precisou chamar de infeliz a analogia que fez ao descrever a Europa como um “jardim” e o resto do mundo como “uma selva”. “A selva tem grande capacidade de crescimento e o muro nunca terá altura suficiente para proteger o jardim”, declarou então o diplomata, provocando o rechaço da comunidade internacional.
Diante da forte rejeição, Borrell publicou um esclarecimento em seu blog alegando que havia usado uma metáfora e que não podia ser interpretada como “eurocentrismo colonial”.