Foi em 2009, quando publicamos As reflexões do gazeteiro sobre o jornalismo e a conquista dos ares, que conhecemos seu autor, Mário Drumond.
Não estamos, aqui, contando isso como uma vantagem. Pelo contrário, demoramos demais a conhecê-lo – e Mário já estava no ar há tempos, com suas obras publicadas, inclusive na Internet.
Na introdução que, então, fizemos às “reflexões do gazeteiro”, escrevi:
“O escritor e jornalista Mario Drumond, autor de ‘Sete Danças para Villa-Lobos’, ‘Dans l’air – A via Santos-Dumont’, ‘Roteiro de Minas’ e outras enriquecedoras obras, é daqueles intelectuais de estirpe rara: a dos que jamais se renderam, nos anos obscuros porque o nosso país e o mundo passaram, sobretudo a partir da década de 90. Foi de seu blog, pleno de inteligência e estilo, que extraímos os trechos sobre o jornalismo e o surgimento da aviação que hoje publicamos. São amostras do trabalho de Drumond, e, na nossa opinião, magníficas amostras.”
Mas, por que disse, acima, que demoramos demais a conhecê-lo?
Porque Mário Drumond, falecido no último domingo em seu amado torrão do Brasil, Minas Gerais, foi uma das maiores personalidades da cultura nacional – e, ainda que hoje alguns resistam a reconhecer esse lugar de Mário, será assim que a posteridade o considerará.
Era um nacionalista e revolucionário como poucos houve em nossa história. Esteve com Brizola na volta do líder trabalhista ao Brasil.
Além de autor, foi um insuperável animador cultural.
Como jornalista, apaixonou-se pela HORA DO POVO – e foi editor de nosso caderno especial, América do Sol.
Mário Drumond foi responsável pela revolução gráfica em nosso jornal, que mudou completamente o nosso site. A iniciativa da mudança foi dele e convenceu a cada um de nós, a começar por nossa referência ideológica, Sérgio Rubens de Araújo Torres.
Lembro de almoçar com Mário e Sérgio, na casa deste último. Os dois tinham profundo respeito um pelo outro – e pareciam se nutrir na história diferente de cada um, que desembocavam em igual amor pelo Brasil.
Mário era um homem tremendamente ligado à História do Brasil e ao desenvolvimento nacional. Considerava sua obra uma continuação – ou, talvez, uma ressurreição – da herança cultural e econômica getulista.
Sua presença era sempre estimulante. Impossível ficar quieto – aquele quieto meio-morto que alguns apreciam, sobretudo em certos ambientes acadêmicos burocratizados ou esclerosados – diante de Mário Drumond. Sempre, lá vinha ele com ideias, ideias, ideias.
Neste momento, em que o país ingressa em nova fase, Mário fará muita falta.
Aos seus filhos e à sua companheira, Izabel, a nossa solidariedade nesta hora difícil.
CARLOS LOPES
Matérias relacionadas: