Liderado pelo notório Gilmar Mendes, o trio formado por ele, Dias Toffoli e Lewandovski anulou as provas contra o ex-ministro Paulo Bernardo. O pretexto foi de que houve uma operação de busca e apreensão no apartamento funcional da senadora Gleisi Hoffmann por ordem de um juiz de primeira instância. No entendimento de Gilmar Mendes, somente o STF poderia autorizar a busca no apartamento funcional. Fachin contestou, dizendo que o apartamento era a residência de Paulo Bernardo, que não tem foro privilegiado. Fachin argumentou ainda que imóvel funcional não tem imunidade.
Ou seja, as provas dos crimes cometidos por Paulo Bernardo existem. Elas são exuberantes. A Operação Custo Brasil, um braço da Lava Jato descobriu um desvio que chegou a R$ 100 milhões, iniciado no Ministério do Planejamento no final de 2009, sob o comando de Paulo Bernardo. O roubo começou após a contratação da empresa de tecnologia Consist Software para intermediar os empréstimos consignados feitos por bancos aos servidores da União. A empresa, segundo a força-tarefa, repassava 70% do valor que ganhava com a taxa operacional dos empréstimos para o esquema de propina.
O uso deste tipo de artimanha para livrar os assaltantes do erário é a prova cabal de que houve o crime. O argumento não é de que não há provas. Elas existem e em abundância, como dissemos. Eles se utilizaram de uma manobra para dizer que essas provas, apesar de existirem, não podem ser usadas porque foram obtidas no apartamento funcional da senadora. Ou seja, Paulo Bernardo, que não tem foro privilegiado, está se escondendo na condição de marido de uma parlamentar para acobertar provas que foram encontradas em sua residência. A conclusão que se pode chegar é que os corruptos passarão, se é que já não estão usando, seus apartamentos funcionais como bunkers para ocultar as provas de seus crimes.