Reunida nesta quarta-feira (8), a Comissão Política Nacional do Movimento Novo Peru fez uma conclamação a que Dina Boluarte – vice de Pedro Castillo e que passou a ocupar a Presidência da República – não faça o jogo da maioria corrupta e neoliberal que domina o Congresso e assuma os compromissos pelos quais os candidatos oposicionistas foram eleitos, em contraposição ao neoliberalismo de Keiko Fujimori. Seu pai, o ex-presidente Alberto Fujimori (1990-2000), está preso, condenado a 25 anos por genocídio e crimes contra a Humanidade.
Intitulado “Devolver o poder ao povo: novas eleições com novas regras e nova Constituição”, o documento do Novo Peru, que teve como candidata à presidência Verónika Mendoza, atualmente sua porta-voz, faz uma breve análise da conjuntura, conclamando o povo peruano a se manter mobilizado para avançar no processo de reconstrução do país.
“Desde o início do governo do ex-presidente Pedro Castillo, a maioria parlamentar antidemocrática e racista pretendeu desconhecer a vontade popular e afastar o presidente em pelo menos três oportunidades, além de haver mudado a Constituição para capturar o poder sem passar pelas urnas. Por outro lado, o presidente Castillo, em lugar de se respaldar no povo cumprindo as suas promessas, preferiu abandoná-las e continuar o piloto automático neoliberal, junto a pactos com bancadas que lhe asseguraram uma sobrevivência pírrica, que terminou com sua tentativa falida de perpetrar um golpe de Estado, o que precipitou um contragolpe de parte da ditadura parlamentar que acabou lhe retirando da Presidência”, assinala a nota.
RECHAÇO CATEGÓRICO AO GOLPISMO
“A partir do Novo Peru rechaçamos categoricamente o golpismo, venha de onde venha. Por isso, assim como rechaçamos a tentativa de golpe de Castillo, consideramos também inaceitável que a maioria parlamentar golpista pretenda agora apresentar-se como porta-estandarte da democracia”, afirma o documento, frisando que “não se pode permitir que essa maioria parlamentar golpista, racista e classista continue enchendo os bolsos às custas do povo peruano”.
Ao mesmo tempo, esclarece o manifesto, “não podemos permitir que uma promotora da nação, Patricia Benavides, que se aproveitou do cargo para libertar a irmã das investigações por meio de acordos com narcotraficantes apareça como defensora da Justiça”. Diante de tantos e tamanhos atropelos, reitera o movimento, “rechaçamos o chamado da senhora Dina Boluarte a uma ‘trégua’ com este setor golpista e o respaldo feito à promotora, como se não existissem tais questionamentos”.
“Por isso, desde o Novo Peru, defendemos quatro passos para sair verdadeiramente da crise: que a presidenta Dina não permita que o golpismo parlamentar governe através dela ou de seu gabinete presidencial anunciado como de ‘ampla base’, que é sinônimo de pacto com as forças reacionárias do Peru e do Congresso; que tome medidas urgentes para atender a grave seca que afeta às famílias de agricultores do país e que nos coloca sob ameaça de uma crise alimentar; que tome medidas urgentes para reduzir os altos custos dos alimentos e dos combustíveis, entre outras demandas emergenciais; que se convoquem novas eleições gerais, com novas regras, que permitam uma disputa realmente democrática, plural e participativa; e que o povo seja consultado, mediante referendo, sobre a convocatória de uma Assembleia Constituinte que elabore uma nova Constituição”, reforça o Novo Peru.
O documento conclui com uma conclamação a todas as forças políticas, sociais, cidadãs, democráticas, indígenas e de mulheres a agirem de forma organizada para “mobilizar e impulsionar as reformas urgentes e o processo constituinte”. Afinal, sublinha o Novo Peru, “é hora de devolver o poder ao povo!”.