
O governo de Jair Bolsonaro não pagou as dívidas do Brasil com a Organização das Nações Unidas (ONU) e outros órgãos e a posição internacional do país fica, com isso, ameaçada.
Com Bolsonaro, as dívidas do Brasil com a ONU, o Tribunal Penal Internacional (TPI), a Organização Mundial do Comércio (OMC) e outros 40 órgãos internacionais chegaram a R$ 5,5 bilhões.
Segundo o gabinete de transição do governo Lula, “além de abalar a credibilidade do país, a inadimplência do Brasil levará à aplicação de sanções, incluindo a perda de voto em órgãos de governança”.
O ministro da Economia de Bolsonaro, Paulo Guedes, informou que não vai sequer fazer o pagamento mínimo dos órgãos, que é de R$ 1 bilhão.
Atualmente, o Brasil ocupa uma vaga rotativa no Conselho de Segurança, com mandato que termina no final de 2023.
Caso o país não faça um pagamento de pelo menos US$ 84,4 milhões para a ONU até o fim do ano, o Brasil vai perder o direito a votar na Assembleia Geral de 2023.
A política externa do atual governo destruiu a imagem do país no cenário internacional, tornando o Brasil um pária com o qual praticamente nenhum país quer negociar.
A “eventual aparição do país em lista de Estados-membros sujeitos à perda de voto” teria “consequências inestimáveis” à posição do Brasil no cenário internacional, afirmou a transição.
“O GT [Grupo de Trabalho da transição] recomendará ao Governo Lula que assuma o compromisso de equacionar as dívidas do Brasil junto a organismos internacionais, o que deverá ser negociado tendo presente a situação fiscal do país”, diz uma nota divulgada pela transição.
No final de 2021, o Brasil já tinha perdido o direito a voto na Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura por conta das dívidas de 2019, só conseguindo recuperá-lo em fevereiro de 2022.
O governo Bolsonaro fez isso mais uma vez: se não pagar a dívida de 2020, que segundo o jornal O Globo é de US$ 7,6 milhões e 5,5 milhões de euros, e uma parte da contribuição de 2022 até dezembro, o Brasil poderá perder novamente o direito a voto.
O Brasil está devendo US$ 302 milhões ao sistema da ONU e 22 milhões de euros ao Tribunal Penal Internacional.