“Está na hora do povo brasileiro retomar o sonho de uma nação livre, de uma nação próspera e de todos”, afirmou na quarta-feira (27), em entrevista ao HP, o ex-deputado João Goulart Filho, herdeiro do ex-presidente Jango, e pré-candidato a presidente da República pelo Partido Pátria Livre (PPL). Ele chamou a atenção dos brasileiros para a gravidade da crise que se abateu sobre o país, fruto dos freqüentes cortes de investimentos, dos juros altos e da aplicação dos seguidos ajustes neoliberais.
Para João Goulart, “o rumo que o país deve tomar é o oposto de tudo isso que está aí”. “É o rumo da produção e da ampliação do mercado interno e não o da especulação financeira e de mais concentração da renda”, apontou. Ele disse que “o país não suporta mais esses ajustes que os últimos governos insistiram em impor à nação”. “Basta de ajustes neoliberais”, salientou. “Temos que reduzir os gastos sim. Mas esta redução tem que se dar nos gigantescos gastos financeiros, que consomem, só de juros, R$ 400 bilhões anuais dos recursos do orçamento, e não nos gastos sociais e nos investimentos públicos”, afirmou.
“Esses ajustes já vêm sendo feitos há muito tempo e o resultado é que eles estão destruindo a economia e inviabilizando as nossas indústrias. E, como todos sabemos, um país sem indústria é um país pobre, um país sem independência, um país sem empregos”, acrescentou João Goulart, ao denunciar o processo de desindustrialização em curso no Brasil. “A indústria brasileira”, destacou Goulart, “já foi responsável por 30% de toda a riqueza produzida no país, agora ela só responde por 11% do produto Interno Bruto (PIB)”. “Precisamos reduzir os juros que estão sugando os recursos da economia e minando a esperança do nosso povo. O país tem que voltar a crescer. Isto é uma necessidade urgente”, observou o pré-candidato.
Para o ex-deputado, a estagnação econômica “está agravando o drama social vivido pela população brasileira”. “Os dados recentes do IBGE revelam um quadro dramático de desemprego em nossa sociedade. Entre desempregados e subempregados já são 27,7 milhões de pessoas atingidas por esta política”, observou Jango Filho. “E o pior é que o desemprego é mais grave na juventude que dá mostras de querer abandonar o país, como revelou recente pesquisa, divulgada pelo instituto DataFolha”, alertou João Goulart. “Temos que mudar esta política econômica recessiva. Meu plano de governo está centrado na retomada dos investimentos e na criação de empregos, para que possamos recuperar a esperança de nossa juventude”, acrescentou.
“Nossa proposta é retomarmos o projeto de nação que Jango e sua equipe vinham construindo, e que foi interrompido em 1964”, disse ele. “Realizar as reformas de base que não foram feitas; a reforma agrária, para assentar as 4 milhões de famílias que não têm terra onde possam plantar e se integrar na economia. Fazer a reforma urbana, resolvendo a questão do título de propriedade dos moradores das comunidades urbanas. Enfrentar o déficit de cerca de 7 milhões de famílias que não têm um teto para morar”, assinalou João Goulart. Para ele, a melhoria dos salários, “em particular do salário mínimo, que pretendemos dobrar em quatro anos, e a retomada dos investimentos, é o caminho que eu vejo para a superação do desastre econômico vivido atualmente pelo país”.
S. C.