“Nós estamos precisando de alguém que pense em desenvolvimento, de alguém que pense em reindustrializar esse país”, disse Lula, ao anunciar Mercadante
O presidente eleito e diplomado, Luiz Inácio Lula da Silva anunciou na tarde desta terça-feira (13), em Brasília, o nome de Aloizio Mercadante para presidente do BNDES no futuro governo. “Eu, Aloizio Mercadante, vi algumas críticas sobre boatos que você vai ser presidente do BNDES. Eu queria dizer para vocês que não é mais boato: Aloizio Mercadante será presidente do BNDES”, disse Lula.
“Nós estamos precisando de alguém que pense em desenvolvimento, de alguém que pense em reindustrializar esse país, em alguém que pense em inovação tecnológica, de alguém que pense na geração de financiamento ao pequeno, ao grande, ao médio empresário, para que esse país volte a gerar emprego”, seguiu o presidente, destacando o fim das privatizações.
“Vão acabar as privatizações nesse país. Já privatizaram quase tudo, mas vai acabar e nós vamos provar que algumas empresas públicas vão poder mostrar a sua rentabilidade”, disse Lula.
“Nós queremos dizer ao mundo inteiro, quem quiser vir para cá, venha. Tem trabalho, te as coisas para o que vocês quiserem fazer, tem projetos para investimento, mas não venham aqui para comprar as nossas empresas públicas porque eles não estão à venda e o nosso país vai voltar a ser respeitado com soberania”, acrescentou.
O presidente eleito aproveitou sua fala para se dirigir ao chamado mercado, que ele disse que “muitas vezes parece invisível”. “E ao mercado, eu queria dizer ao glorioso mercado. Ao tentarem julgar o que estamos fazendo, digam se em algum momento da vida do mercado brasileiro ganhou tanto dinheiro como ganhou quando presidi esse país. Perguntei aos banqueiros. Mas também pergunte aos bancários, aos comerciários, aos que ganham salário mínimo. Porque governamos para todos”, pontuou.
No discurso de encerramento dos trabalhos da equipe de transição, o presidente Lula afirmou que, agora, será possível ter “uma radiografia perfeita do estrago feito no país” durante os quatro anos de governo de Jair Bolsonaro (PL). O evento ocorreu no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília, onde funciona o gabinete de transição de governo.
Além de Lula e Mercadante, participaram o vice-presidente eleito e coordenador da transição, Geraldo Alckmin, a coordenadora de articulação política, Gleisi Hoffmann, o novo ministro da Justiça, Flávio Dino, e o novo chefe da Casa Civil, Rui Costa.
“Eu acho que nós teremos uma radiografia perfeita do estrago que foi feito neste país. E a palavra correta é estrago. Hoje eu vim com o Zé Gotinha para lembrar ao povo brasileiro que tomar vacina não é um luxo, é uma obrigação para que a gente possa garantir que nem os adultos e as crianças possam ser vítimas de doenças que a gente já pode evitar”, declarou Lula.
Em relação a seu antecessor, Lula afirma que a postura de negar o resultado das eleições atesta que Bolsonaro “segue o rito de todos os fascistas no mundo”: “Bolsonaro pensou que a presidência era uma coisa eterna. Este cidadão continua negando o resultado das eleições, continua incentivando gente a negar, ele negou até na eleição que ganhou do Haddad no segundo turno, dizendo que ele poderia ter ganho no primeiro turno. Ou seja, ele segue o rito que todos os fascistas seguem no mundo.”
“É importante a gente saber que eles fazem parte de uma organização de extrema direita que não existe apenas no Brasil: existe na Espanha, na Itália, na França, nos EUA – que tem como líder o presidente Trump -, existe na Hungria e existe em vários outros países, inclusive na nossa querida Argentina. Esse grupo veio em nome de defender os costumes, as famílias, mas o que eles mais fazem é negar as coisas das próprias famílias”, afirmou o líder petista.
Coordenador dos grupos técnicos, Aloizio Mercadante disse que a transição preparou 23 páginas de “revogaço” de atos do atual governo Jair Bolsonaro. “Ali tem também revogaço. Só de revogaço, presidente, tem 23 páginas. Estamos revogando tudo. Tem 23 páginas, nós estamos passando por uma peneira bem fina para poder avaliar cada medida e suas implicações”, afirmou Mercadante. O coordenador dos grupos técnicos não detalhou quais normas deverão ser revogadas. Integrantes da transição já disseram, por exemplo, que entre esses atos estarão decretos que facilitam acesso a armas de fogo.
“Essa foi a transição mais participativa de todos os governos. Na realidade, foram (…) perto de mil colaboradores, participantes, mas, na realidade, se contar zoom, participação à distância, técnica, foram mais de cinco mil pessoas no Brasil inteiro que deram sua contribuição voluntária”, afirmou o vice-presidente Geraldo Alckmin.
O senador eleito Flávio Dino (PSB-MA), disse que os grupos responsáveis pelos atos de vandalismo em Brasília (DF) estão sendo identificados. “Nem eu, nem Lula, nem Alckmin pediremos para a Polícia Federal não cumprir o seu papel. Todas as pessoas estão sendo identificadas. Vamos tomar as providências. Os inquéritos cabíveis serão feitos. Grupos extremistas não terão força para vencer o povo brasileiro. São cada vez mais radicalizados, porém não terão força. É o imperativo da lei”, afirmou o ex-governador do Maranhão na capital federal.