Os doleiros que trabalhavam para o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (PMDB), Cláudio Barbosa (também conhecido como Tony), e Vinicius Claret, depuseram pela primeira vez ao juiz federal Marcelo Bretas. Ambos fecharam acordo de colaboração com a justiça.
De acordo com os relatos feitos durante o depoimento na 7ª Vara Federal Criminal neta terça-feira (26), umas das formas utilizadas pelo doleiro Cláudio Barbosa para transportar remessas ilegais de dinheiro para o exterior era colocar até US$ 500 mil em cada meia. Tony exerceu este tipo de atividade por mais de 10 anos.
Os doleiros confirmaram ao juiz Bretas que o ex-governador Sérgio Cabral, a construtora Odebrecht e o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, estavam entre seus clientes. Disseram ainda que o dinheiro de Eduardo Cunha era movimentado no sistema online dos doleiros na conta do economista e também doleiro Lúcio Funaro.
“O Eduardo Cunha era o Funaro que pedia”, disse Claret.
“O Funaro, eu atendia ele como doleiro. Em certo momento, eu vi a placa com o nome do Eduardo Cunha e pedi para tirarem. Tenho certeza que era para o Cunha. Quando se tratava de Funaro, eu procurava saber se não era algo político que eu não estava sabendo”, afirmou Tony.
Funaro e outro doleiro, Vinícius Claret, conhecido como Juca Bala, declararam ter movimentado dinheiro do ex-governador em contas no exterior a partir de 2007, primeiro ano de Cabral no governo do Rio.
Os depoimentos confirmam a informação dada pelos irmãos e também doleiros Renato e Marcelo Chebar de que, a partir do momento em que o montante de propina arrecadada por Sérgio Cabral cresceu, foi necessário recorrer a remessas para o exterior.
“Temos um cadastro das operações e datas. Tínhamos um compliance pra saber a procedência do dinheiro”, afirmou Claret. Segundo os doleiros, existia uma espécie de código de conduta, chamada de compliance, para saber para quem seria enviado o dinheiro.
Marcelo Chebar e Tony foram presos no Uruguai em março de 2017. Em dezembro foram extraditados para o Brasil. Eles permanecem em prisão domiciliar desde quando fecharam o acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF).