O governo de Michel Temer retomou de vez a negociação da entrega do Centro de Lançamento de Alcântara (MA) aos Estados Unidos, 16 anos após a proposta ter sido rechaçada pelo Congresso Nacional e pela população por representar um ataque à soberania brasileira.
Há três meses o ministério da Defesa apresentou uma proposta “adaptada” para criação da área de domínio exclusivo dos Estados Unidos dentro de Alcântara para lançamento de foguetes.
Segundo declarações recentes do embaixador norte-americano no Brasil, Michael McKinley, as exigências de segurança e proteção dos EUA continuam iguais, devido à “confidencialidade tecnológica”. Isso significa a proibição da utilização da base pelo Brasil e também de que a Força Nacional tenha qualquer conhecimento sobre os artefatos e pesquisas realizadas lá.
Considerado um dos melhores lugares do mundo para lançamento de foguetes – por conta da estrutura e localização privilegiada – a prioridade do governo, ao invés de utilizar essa potencia para desenvolver tecnologia aeroespacial nacional, é a de “geração de receitas”. Segundo o deputado federal maranhense Pedro Fernandes (PTB), espera-se receber US$ 6 bilhões com a entrega de Alcântara aos norte-americanos.
“Hoje o mercado espacial é de US$ 330 bilhões. Com Alcântara, haveria uma entrada desses US$ 6 bilhões para o Brasil, o que é significativo para a economia brasileira”, disse em sua defesa do acordo em reunião da Comissão de Relações Exteriores do Congresso.
No início do mês, Temer visitou o Maranhão pela primeira vez com parada única no Centro de Lançamento de Alcântara. Na ocasião, o ministro de Relações Exteriores Raul Jungmann declarou que a base “Está pronta e acabada, é só virar a chave. Com aquela localização, a gente precisa, de fato, gerar recursos”. Recursos públicos e patrimônio do povo desviados para pagar juros a bancos.