A nova onda de aumentos nos preços dos alimentos, o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) registrou alta de 0,45% em dezembro. O indicador que é um tradicional balizador para o reajuste de aluguel, residencial e comercial, fechou o ano de 2022 em alta de 5,45%.
A taxa nesse nível é um grande peso que se soma ao orçamento das famílias de baixa renda, que estão sofrendo com a carestia nos preços dos alimentos e nas contas básicas.
De acordo com o coordenador dos Índices de Preços da FGV, André Braz, “a última edição do IGP-M de 2022, mostra aceleração dos preços de alimentos importantes ao produtor e ao consumidor. No índice ao produtor, os maiores aumentos foram registrados para: feijão (de -1,45% para 15,36%), bovinos (de -2,20% para 1,55%) e óleo de soja refinado (de 2,57% para 7,35%). Já no âmbito do consumidor, as maiores altas foram registradas para alimentos in natura, com destaque para: tomate (de 18,13% para 19,12%) e cebola (17,36% para 24,80%)”, citou Braz.
O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que possui peso de 60% na composição do IGP-M, ficou em 0,47% em dezembro, após queda de 0,94% em novembro. Na análise por estágios de processamento deste indicador, pressionou o encarecimento das Matérias-Primas Brutas que subiram 2,09% em dezembro, após queda de 2,86% em novembro.
Já o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que possui peso de 30% no IGP-M, variou 0,44% em dezembro, após alta de 0,64% em novembro. No indicador pesou as altas registradas nos grupos Alimentação (0,99%), Comunicação (0,48%) e Habitação (0,42%). “Estas classes de despesa foram influenciadas pelos seguintes itens: arroz e feijão (3,74%), combo de telefonia, internet e TV por assinatura (0,69%) e tarifa de eletricidade residencial (1,27%)”, disse Braz.
Já o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), com peso de 10% no IGP-M, variou 0,27% em dezembro, ante 0,14% em novembro. Os três grupos componentes do INCC registraram as seguintes variações na passagem de novembro para dezembro: Materiais e Equipamentos (-0,35% para 0,37%), Serviços (0,35% para 0,43%) e Mão de Obra (0,53% para 0,16%).
A inflação do aluguel vinha registrando taxas negativas desde agosto deste ano na esteira do resfriamento da economia global, que diminuiu a procura de algumas commodities, reduzindo assim os seus preços no mercado internacional. Mas, no último período, “está ocorrendo recuperação de preço em commodities, que caíram muito de preço recentemente”, alertou Braz, na semana passada (20), quando divulgou números prévios do IGP-M.
Dolarizado, o IGP-M chegou a fechar em 2020 em alta de 23,14%. Em 2021, o indicador bateu a taxa recorde de 31,12%, no acumulado dos 12 meses até agosto. Mas encerrou o ano em alta de 17,78%.
Assim, descolado da realidade dos trabalhadores, que ao longo destes últimos anos vem acumulando perdas em seus salários com aumentos expressivos no custo de vida, como alta nos preços dos alimentos, roupas, conta de luz e água, combustíveis, por exemplo, os locatários passaram a pedir a imediata retirada do IGP-M de seus contratos de aluguéis, buscando outros indicadores para o reajuste do aluguel.