“Os pobres estarão prioritariamente no orçamento público. A primeira infância, as mulheres, os negros, os povos originários estarão no orçamento. Os trabalhadores estarão no orçamento”, afirmou a ministra
A senadora Simone Tebet (PMDB-MS) assumiu na manhã desta quinta-feira (5) o Ministério do Planejamento e Orçamento do governo Lula em cerimônia no Palácio do Planalto, com a presença de Geraldo Alckmin, vice-presidente da República, Fernando Haddad, ministro da Fazenda e o ex-presidente José Sarney (PMDB).
Simone Tebet foi a terceira colocada nas eleições presidenciais no primeiro turno, encampou apoio ativo à candidatura de Lula no segundo turno. Ela aceitou o convite do presidente para assumir a pasta que integra sua equipe econômica.
Tebet iniciou seu pronunciamento agradecendo ao presidente Lula “por entregar a mim uma das pastas mais importantes do seu governo, do meu governo, do nosso governo e do governo da frente ampla em prol do Brasil”.
“O último domingo foi um dos mais importantes da nossa história. Uma dia tomado por profunda alegria e de um alívio reconfortante. Depois de quatro anos de negacionismo à vida, discursos de ódio, mentiras deslavas e divisão entre os brasileiros, aquele primeiro de janeiro foi um dia de paz”.
Citando o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, Tebet reafirmou que está alinhada com os princípios do novo governo de fazer com que o Orçamento sirva o povo e impulsione o desenvolvimento do país. “Este time vai fazer com que este governo dê certo. Para que não falte dinheiro para o que Brasil mais precisa”.
“A nossa prioridade é colocar o brasileiro no orçamento. Os pobres estarão prioritariamente no orçamento público. A primeira infância, as mulheres, os negros, os povos originários estarão no orçamento. Os trabalhadores estarão no orçamento”, afirmou a ministra, ressaltando que as políticas públicas serão atendidas com responsabilidade e planejamento.
“Estamos prontos para indicar os melhores caminhos para enfrentar a triste realidade de sermos proporcionalmente o país mais desigual do planeta”, disse Simone Tebet, fazendo duras críticas à política de “terra arrasada” promovida por Jair Bolsonaro. “Nos últimos quatro anos foi negada a uma parte significativa da população brasileira a dignidade e a cidadania”.
“Em retirada, o capitão e sua tropa deixaram para trás sementes de destruição. Com o presidente Lula e a frente ampla, vamos avançar. Plantar boas sementes porque o brasil sempre foi terra fértil”, disse.
Tebet anunciou em seu discurso que uma das prioridades do Planejamento será a reforma tributária. “Para que possamos de uma vez por todas ter um sistema com justiça tributária”.
Além disso, a ministra disse que é compromisso de sua gestão tirar do papel o Plano Nacional de Desenvolvimento Regional, combater a inflação, os juros altos, a miséria e a fome. Ela anunciou também a criação de uma secretária sob a tutela do Planejamento de Avaliação e Monitoramento de Políticas Públicas.
Tebet confirmou a história veiculada pela imprensa sobre o convite para chefiar a pasta. Lula entregou a ela um envelope oferecendo a pasta.
“Ele disse para mim: ‘não abra agora, passe o Natal tranquilo com a família e na segunda-feira nós conversamos’. E na segunda vez em que ele puxou o assunto eu falei: ‘presidente, agora fiquei curiosa’. Na hora em que eu abri o envelope estava lá: Ministério do Planejamento e Orçamento. Quando eu abri a minha boca para agradecer e dizer para o presidente que eu achava que havia algum equívoco, porque disse a ele, ‘mas presidente, nesta pauta nós temos divergências’, ele simplesmente me ignorou, como quem diz: ‘é isso que eu quero, porque sou um presidente democrata’. Um presidente democrata não quer apenas os iguais. Quer os diferentes, porque é assim que se constrói uma nação soberana, igual, justa e para todos”.
“O time da economia vai fazer a diferença e vai fazer com que esse governo dê certo, apresentando as propostas certas para não faltar orçamento e dinheiro para as políticas públicas a serem desempenhadas pela Soninha [Sônia Guajajara, ministra dos Povos Indígenas], pela Marina [Silva, ministra do Meio Ambiente, pela Nísia [Trindade, ministra da Saúde], pela Cida [Gonçalves, ministra das Mulheres], pela Daniela [do Waguinho, ministra do Turismo], pela Luciana [Santos, ministra da Ciência e Tecnologia], pela Anielle [Franco, ministra da Igualdade Racial], pelas nossas ministras e ministros”, disse Simone.
Também participaram da posse de Simone Tebet, Esther Dweck, ministra de Gestão e Inovação; Anielle Franco, ministra da igualdade racial; Rui Costa, ministro da Casa Civil; Eliziane Gama (Cidadania-MA); senador Veneziano Vital do Rego (MDB-PB), presidente do Senado em exercício; e Isnaldo Bulhões, líder do MDB na Câmara.
Quem é Simone Tebet
Nascida em Três Lagoas (MS), Simone Tebet é filha de Ramez Tebet, ex-governador, ex-senador sul-mato-grossense e ex-ministro da Integração Nacional.
Mestre em Direito do Estado, Tebet é professora universitária, foi deputada estadual no Mato Grosso do Sul e se tornou em 2004 a primeira mulher a ser eleita prefeita de Três Lagoas. Quatro anos depois, foi reeleita para o cargo.
Em 2011, Tebet assumiu o cargo de vice-governadora do Mato Grosso do Sul, na chapa encabeçada por André Puccinelli. Durante parte do mandato, foi secretária estadual de Governo. Em 2014, Tebet se elegeu senadora pelo Mato Grosso do Sul.
Entre as atribuições do ministério, estão:
1- Elaboração de subsídios para o planejamento e a formulação de políticas públicas de longo prazo destinadas ao desenvolvimento nacional;
2- Avaliação dos impactos socioeconômicos das políticas e dos programas do governo federal e elaboração de estudos especiais para a reformulação dessas políticas;
3- Elaboração de estudos e pesquisas para acompanhamento da conjuntura socioeconômica e gestão dos sistemas cartográficos e estatísticos nacionais;
4- Elaboração, acompanhamento e avaliação do plano plurianual (PPA) e dos orçamentos anuais;
5- Viabilização de novas fontes de recursos para os planos de governo; e
6- Formulação de diretrizes, acompanhamento e avaliação de financiamentos externos de projetos públicos com organismos multilaterais e agências governamentais.