O governo Lula retomará as políticas públicas de formação de estoques reguladores de alimentos e de preços mínimos para combater a fome no Brasil.
O novo presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Edegar Pretto, destacou na última sexta-feira (6) que “durante o último governo, essas políticas foram abandonadas e isso contribuiu enormemente para o aumento do preço dos produtos da cesta básica. Nós temos que enfrentar a inflação dos alimentos. Nós precisamos dar fim a essa lógica de que boa parte dos trabalhadores brasileiros estão se endividando para comprar comida”, declarou.
A política de estoques reguladores de alimentos no Brasil começou a ser desmontada no governo de Michel Temer, mas teve basicamente seu fim no governo Bolsonaro. Dados da Conab apontam que os estoques públicos de feijão, por exemplo, estavam zerados em dezembro de 2022.
Já o estoque de arroz chegou ao menor patamar para meses de dezembro desde 1987, início da série histórica.
Os preços dos alimentos no Brasil durante os quatro anos de governo Bolsonaro subiram 57% em média, de acordo com dados levantados pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), divulgados esta semana pela Folha de São Paulo.
Nesse período, foram constatadas altas expressivas em produtos básicos da alimentação diária da população, como cebola (+189,1%), óleo de soja (+164%), batata (+110,8%), feijão (+109,8%), arroz (+66,8%), café (+88,8%), leite (+69%) e o pão (+43,2%).
Hoje, com R$ 100 não se compra quase nada nos supermercados. O governo Lula, atento a essa realidade, vê a retomada das políticas públicas de formação de estoques reguladores de alimentos, de preços mínimos e de fomento à produção de agricultores familiares como um dos meios para derrubar a carestia da alimentação no Brasil, que faz cerca de 125,2 milhões de brasileiros sofrerem com algum nível de insegurança alimentar, sendo que, destes, mais de 33 milhões passam fome, segundo dados da PENSSAN.
Nos mandatos anteriores de Lula, sobre as políticas públicas de formação de estoques reguladores e de preços mínimos, Edegar Pretto disse que “o governo trabalhou na seguinte lógica: Quando o preço dos produtos caía muito, a Conab comprava. Trigo, arroz, feijão, entre outros produtos, para que o agricultor que estivesse produzindo não tivesse um prejuízo tão grande”, lembrou.
“Da mesma forma, esses alimentos eram estocados para que, quando os preços subissem, o governo colocasse no mercado, fazendo baixar os preços. Assim todos ganhavam”, disse Pretto, deixando em alto e bom som que o governo será o maior cliente da agricultura familiar – setor que é responsável por cerca de 70% dos alimentos consumidos no Brasil.
A nomeação do deputado estadual Edegar Pretto (PT-RS) para presidente da Conab foi comunicada pelo ministro do Desenvolvimento Agrário e Combate à Fome (MDA), Paulo Teixeira (PT), na sexta-feira (7).
Ao apresentar o novo presidente da Conab, Teixeira afirmou que a estatal atuará como uma companhia voltada às compras públicas, mas também para oferecer informações técnicas “com capacidade de prever o tamanho da safra e os eventos climáticos para que tenhamos comida na mesa”, disse Teixeira ao destacar que o objetivo da gestão da estatal é de um trabalho conjunto e forte entre o MDA e o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), que garanta o que o ministro chamou de “inteligência da agricultura.
Paulo Teixeira afirmou que a Conab “é quem gerencia o PAA [Programa de Aquisição de Alimentos], que terá um grande papel do ponto de vista da capitalização da agricultura familiar. É um capital de giro para a agricultura familiar e, a partir desse capital de giro, tanto os produtos vão ser direcionados ao combate à fome no país, como também os produtos ajudarão a organizar, capitalizar a agricultura para que ela possa oferecer produtos para o mercado”.