Todas as siglas partidárias com representação no Congresso se colocaram contra os atos golpistas que vandalizaram as sedes dos poderes da República
Partidos das mais diversas tendências políticas — MDB, PT, PCdoB, PSB, PSDB, Agir, Cidadania, PV, Avante, Progressistas, PSTU, PCB, PCO, Podemos, PSol, PL, Pros, Solidariedade, Rede, UP, União Brasil e Novo — divulgaram notas oficiais, em que deixaram clara a oposição aos ataques perpetrados por jagunços bolsonaristas contra os três Poderes no domingo (8), em Brasília, que resultaram em terror, vandalismos, saques, violência e depredações ao patrimônio público.
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, partido ao qual Bolsonaro é filiado, condenou os atos de vandalismo. Todavia, esforçou-se em vão para eximir o ex-presidente golpista de ter envolvimento nos atos de terror amplamente condenados pela sociedade brasileira. Os líderes mundiais também condenaram os tristes acontecimentos do domingo.
“Hoje é um dia triste para a Nação. Esse movimento em Brasília hoje é uma vergonha para todos nós e não representa nosso partido, não representa Bolsonaro. As forças de segurança têm que fazer sua parte, não apoiamos esses movimentos. Apoiamos movimentos de bem”, disse Valdemar em vídeo.
Outros partidos que fizeram parte da base do governo Bolsonaro também repudiaram a violência na Praça dos Três Poderes. Foi o caso do PP, que por meio de nota, condenou os “atos criminosos contra a democracia”.
A legenda também se definiu “a favor da ordem pública”.
As ações golpistas, em análise preliminar, indicam que a tentativa de golpe de Estado deixou os apoiadores de Bolsonaro, os bolsonaristas, ainda mais isolados no âmbito do debate político nacional. E, também, isolou o ex-presidente, que se encontra refugiado em Miami (EUA). Ele fora para lá antes mesmo de encerrar o mandato presidencial.
LIMITES DEMOCRÁTICOS
O Republicanos, que também compôs a base do governo Bolsonaro, disse “repudiar qualquer manifestação que ultrapasse os limites democráticos, seja ela de direita ou esquerda”.
O Novo, identificado com o neoliberalismo, também defendeu que “qualquer protesto deve ser pacífico e democrático. E existem caminhos institucionais para transformar a política e a sociedade, sem apelar ao caos e à barbárie”.
REPÚDIO
Diversos partidos de centro também repudiaram os ataques golpistas. Para o presidente do União Brasil, deputado Luciano Bivar (PE), o Estado Democrático de Direito “sofreu um inadmissível e gravíssimo ataque”.
Em nota, chamou os manifestantes de “golpistas” e pediu que a “irresponsabilidade e conspiração contra a democracia não podem ser toleradas”. Bivar disse que o União Brasil condena “a ação terrorista” e cobrará das autoridades a punição de todos os criminosos. “A democracia é inegociável e soberana, e isso jamais deve retroceder no Brasil”, está escrito na nota do União.
A presidente nacional do Podemos, deputada Renata Abreu (SP), qualificou os atos de domingo em Brasília como “inadmissíveis”. A nota do partido também atesta que a legenda vai acompanhar de perto a apuração dos crimes por parte das autoridades responsáveis.
O Cidadania foi favorável à intervenção no GDF (governo do Distrito Federal). O partido alerta para a repercussão mundial que a tentativa de golpe de Estado teve, só possível, segundo a legenda, devido à “incapacidade, senão desídia, do governador afastado Ibaneis Rocha e do então secretário de Segurança Pública, Anderson Torres”.
PRISÃO IMEDIATA DOS ENVOLVIDOS
O PSDB também defendeu a prisão imediata dos envolvidos na tentativa de golpe.
Para o MDB, “a turba irracional abandonou os xingamentos nas redes sociais para violentar a Nação brasileira”. A Executiva Nacional do partido conclama as classes empresariais e trabalhadoras para que “se unam contra a barbárie”.
UNANIMIDADE NA ESQUERDA
Os partidos de esquerda, tanto os da base do governo Lula quanto os que não fazem parte, também foram unânimes em condenar a tentativa de golpe.
O PT postou nota, em que garantiu que “os terroristas não passarão”, na tentativa de implantar regime autoritário no país.
O PCdoB pede que as investigações se aprofundem sobre os financiadores das ações e movimentos antidemocráticos. E o PSB, partido do vice-presidente Geraldo Alckmin, chamou os participantes da invasão às sedes dos três poderes de “baderneiros”.
CPI NO CONGRESSO NACIONAL
O PSol anunciou que vai trabalhar pela instauração de CPI no Congresso Nacional e na Câmara Legislativa do DF para investigar a negligência das autoridades, das forças de segurança e os financiadores dos movimentos golpistas.
O partido entende que Ibaneis Rocha deve ser chamado para depor. O partido também pede o desmonte dos acampamentos golpistas em frente a QG do Exército País afora.
IMPEACHMENT CONTRA IBANEIS
A Rede Sustentabilidade e o PV (Partido Verde), identificados com a pauta ambiental, também repudiaram os ataques à democracia.
O PV anunciou que vai entrar com pedido de impeachment contra Ibaneis Rocha (MDB). Para o PV, Ibaneis foi omisso ao não disponibilizar o aparato de segurança pública necessário na repressão à tentativa de golpe de Estado.
Para o PSTU, as inúmeras filmagens realizadas durante a invasão às sedes dos poderes evidenciam a conivência da PM do Distrito Federal, que, no entender da legenda, “escoltavam os golpistas”.
O PSTU, também, segundo nota, escreveu que entende que a invasão só foi possível devido à conivência de militares e do GDF.
O PCO convocou maior mobilização popular, com a participação de sindicatos, organizações de moradia, estudantes e de luta pela terra. Para o partido, “é preciso derrotar o bolsonarismo nas ruas”.
M. V.