Universidades por toda Israel se manifestam contra tentativa de Netanyahu e seu séquito direitista de suprimir o Judiciário do país
Cerca de 80.000 pessoas, mesmo enfrentando forte chuva, se reuniram na praça do Teatro Habima, centro de Tel Aviv, para protestar contra a ameaça do governo de Bibi Netanyahu, que acaba de voltar a exercer o cargo de primeiro-ministro, desta vez à frente da coalizão mais racista e fascista desde a implantação de Israel.
Ao mesmo tempo em que o ato acontecia, na noite de sábado (14), manifestações de milhares de pessoas ocorriam em Jerusalém e Haifa. Os atos acontecem pela segunda semana consecutiva, para denunciar o plano do atual ministro da Justiça, Yariv Levin, de desqualificação da Suprema Corte de Israel, que pode – caso aprovada a lei Levin – ter qualquer sentença derrubada por maioria de um voto no Knesset, parlamento israelense.
Mudanças na formação da Comissão Parlamentar (que até aqui conta com integrantes da oposição por força de lei) também facilitam a indicação de juízes afinados com a maioria fascista hoje no comando do regime israelense.
A polícia deixou de atender à orientação do atual ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir, de levar brucutus com canhões de água para a praça do Habima e o protesto transcorreu com tranquilidade, até que um grupo de fascistas, já no final do ato fez provocações contra os manifestantes.
“Só Ben Gvir!”, gritaram os fascistas ao que uma senhora idosa, presente ao ato, respondeu: “Estúpidos!”.
A polícia não cedeu às provocações de Gvir que – em uma inversão da verdade – disse que o ato convocado pela oposição em Tel Aviv trazia “grave dano à democracia”.
A ex-presidente da Suprema Corte, Ayala Procaccia, discursou no ato, destacando que “um país onde os juízes se sentem na necessidade de se manifestarem nas ruas, é um país onde todas as linhas vermelhas foram ultrapassadas”. Ayala se referia ao ato que reuniu, dias antes, diante da Corte Distrital de Tel Aviv, centenas de juízes, procuradores e advogados para denunciarem a lei que aplasta o Judiciário.
A ex-ministra da Justiça, Tzipi Livni, também se dirigiu à multidão para defender que a maioria eleitoral obtida pela coalizão fascista não lhe dá o direito de “destruir a própria democracia”.
Ela denunciou que o governo de ultradireita “está tomando o país de assalto e desencadeando uma guerra contra as instituições democráticas”.
Tzipi prosseguiu alertando que “há veneno derramado, mentiras proferidas, difamações, tachano de ‘inimigo’ todo aquele que ousa pensar diferente. Eles fazem de tudo para arruinar nossa sociedade, enfraquecê-la antes de um grande ataque”.
“Eles podem nos ameaçar, nos mostrar algemas, mas nós não temos medo”, declarou Tzipi.
O ex-ministro da Defesa e atual deputado oposicionista, general Benny Gantz, a quem Gvir ameaçou de prisão e Almog pediu que fosse “levado sob algemas”, também discursou: “Vamos protestar no Knesset [parlamento] e nas ruas. Vamos usar todos os meios legais para impedir o golpe”.
PROTESTOS NAS UNIVERSIDADES
Nesta segunda-feira, houve manifestações de estudantes na Universidade Hebraica de Jerusalém, na Universidade de Tel Aviv, na Universidade de Haifa e na de Beer Sheva.
Entre as faixas portadas pelos manifestantes, algumas com os dizeres de: “Não vamos permitir que o Judiciário sucumba” e “Separação de poderes para proteger direitos”.
Os atos atenderam à convocação por um grupo de estudantes afirmando: “Nós, estudantes, não estamos dispostos a ficar calados diante da perigosa liquidação da justiça. Democracia não é uma palavra vazia de conteúdo, mas um fundamento pelo qual se deve lutar. Esta é uma luta comprometida com o nosso futuro e contra um governo que ameaça acabar com a democracia e implantar uma tirania e seguir adiante, sem freios ou limites, em sua vontade de danificar a liberdade dos muitos agrupamentos que compõem a sociedade israelense”.
“Estamos determinados a deter essa loucura, isso é só o começo”, conclui a convocatória estudantil.