“Foi um golpe, uma afronta absoluta às normas estatutárias”, afirma o advogado Reale Jr.
O presidente da Federação das Indústrias dos Estado de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes da Silva, deve recorrer da decisão da assembleia que o destituiu do cargo. Na segunda-feira (17), uma assembleia, que não contou com a participação do presidente, decidiu pelo afastamento do empresário da direção da entidade. Votaram para que Josué deixasse o alto comando da Fiesp os representantes de 47 sindicatos, 2 se abstiveram e 1 votou contra, totalizando 50 votos. Ao todo, a Fiesp tem 116 sindicatos, dos quais 86 assinaram o pedido pela realização da assembleia, que começou por volta das 14h30, com 89 delegados de 80 sindicatos, segundo informações divulgadas.
Entre as 12 questões apresentadas pela oposição, apoiadores do ex-presidente Paulo Skaf, que esteve à frente da entidade durante 18 anos e seguidor de Jair Bolsonaro, está o fato de Josué ter assinado, em nome da Fiesp, em agosto do ano passado, o manifesto em defesa da democracia e contra os ataques golpistas ao sistema eleitoral brasileiro, o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), manifestada em reunião com embaixadores.
Josué respondeu a todas as perguntas e, após sua saída, convocaram nova assembleia que o destituiu.
Para o advogado Miguel Reale Júnior, a destituição do empresário da presidência da entidade foi “um golpe”, classificou. “Foi um golpe, uma afronta absoluta às normas estatutárias. Nunca houve acusação formal e, se houvesse, ele teria dez dias para apresentar sua posição. Ele foi destituído porque fez um manifesto a favor da democracia”, afirmou o advogado do presidente da Fiesp.
Dono da Coteminas, Josué Gomes assumiu o comando da Fiesp no ano passado. Ele é filho do falecido empresário José Alencar, ex-vice-presidente do presidente Lula. O empresário chegou a ser convidado para ser ministro da Indústria e Comércio na gestão atual, mas recusou, alegando os compromissos assumidos na Fiesp.
Visita de Alckmin
Durante a manhã de ontem, a entidade recebeu a visita do vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, que defendeu uma reforma tributária que simplifique o sistema atual, além da redução dos juros, o aprimoramento da infraestrutura nacional e a economia verde, como outros condutores capazes de alavancar a economia e beneficiar os setores produtivos do país.
“A reforma tributária não é do governo, nem da oposição, é do país. É senso comum que precisamos sair desse cipoal tributário, temos um verdadeiro manicômio tributário. As reformas vão nesse sentido, de simplificar e trazer mais segurança jurídica”, disse Alckmin, que também citou a desburocratização e a queda da taxa de juros para a retomada da indústria.
“O presidente Lula tem destacado que o foco é emprego e renda e quem gera emprego e renda é o setor produtivo. Então, precisamos fortalecer a indústria e fortalecer a agricultura, avançar ainda mais nos serviços. Um apoio especial às pequenas empresas, que precisam ter um olhar mais dirigido e possuem um enorme potencial, por exemplo, de crescer, e inclusive ajudar nas exportações, afirmou. “Queremos audiência e diálogo permanentes para poder aproveitar todas as oportunidades”, declarou o vice-presidente.