O ministro da Justiça Flávio Dino cobrou, nesta quarta-feira (18), retratação por uma série de ofensas proferidas por comentarista e respaldas pelo apresentador e convidados do programa “Boa tarde Brasil”, que é transmitido pela rádio Guaíba, de Porto Alegre. Durante o programa ao vivo, um dos comentaristas, o advogado Luiz Antônio Beck, chamou Dino de “comunista obeso”.
Na ocasião, eles discutiam a possibilidade de o sub-procurador geral da República, Nicolau Dino, irmão do ministro, ser indicado para comandar a Procuradoria-Geral da República, em substituição a Augusto Aras, quando o advogado colocou em pauta as condições físicas do ministro, lembrando que ele foi filiado ao PCdoB, como se isso fosse um demérito.
“O Dino é uma hipocrisia total, porque ele é um… Nada contra os obesos, mas ele é uma pessoa obesa. E um comunista obeso não dá. Poderiam comer três ou quatro famílias com aquilo que ele come diariamente”, ruminou, sendo endossado pelo apresentador Julio Ribeiro e os outros convidados.
Na sequência, em tom de deboche, os funcionários da Rádio Guaíba mencionam o número de pessoas em situação de insegurança alimentar no Brasil e dizem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda “não comprou nenhuma dose de vacina”, sem levar em conta que o novo governo iniciou o mandato há 18 dias e a retomada do convênio com o Instituto Butantan para a aquisição de vacinas para a imunização de crianças.
Em seu perfil no Twitter, o ministro comentou a agressão e cobrou a devida retratação. “Soube que em uma rádio do RS se dedicaram a comentários agressivos, preconceituosos e criminosos contra mim. Espero retratação”, cobrou Flávio Dino.
O ministro também reduziu os agressores à condição de debilidade e fraqueza moral ao assegurar que “de todo modo, adianto que não invejo a esqualidez de pessoas que precisam de Código Penal, Código de Ética e um espelho”, rebateu.
Beck foi candidato a deputado estadual pelo Republicanos no Rio Grande do Sul e apesar de ter obtido apenas 926 votos, conseguiu uma vaga de suplente na Assembleia gaúcha.
No Twitter, ele reproduz trechos do “Pingo nos Is”, programa da extrema-direita da Jovem Pan – emissora bolsonarista investigada pelo Ministério Público por propagar fake news – e interage com a Revista Oeste, do jornalista extremista de direita J.R.Guzzo; no seu perfil no Facebook, identifica-se como “Direita RS Sul Brasileiro e Italiano”.
Suas publicações vão desde os questionamentos sobre o resultado das eleições e da autoria dos atos terroristas de 8 de janeiro praticados por terroristas apoiadores de Jair Bolsonaro, até um Papai Noel fardado e armado.
Em declaração ao site “Fatos 24 horas” ele revelou seu antiesquerdismo como qualificante para seu ingresso na política. Desprovido de qualquer indício de coerência, se define um “cidadão extremante democrático”.
“Sou um cidadão extremamente democrático. Devemos respeitar as diferenças e prezar pelo direito à liberdade de expressão”, diz o preconceituoso. Sempre é bom conhecer pessoas, ser eclético, acreditar em dias melhores”, continua. “Devemos evitar nos tornamos uma espécie de Cuba ou Venezuela, onde as pessoas não possuem dinheiro e é comum passar fome”, completa o agressor de Flávio Dino.
Por sua vez, a Rádio Guaíba pertencente ao grupo Record, da Igreja Universal do Reino de Deus, e tem em seu histórico recente até uma censura a uma entrevista exclusiva ao Presidente Lula, assim que foi liberado da prisão, segundo o jornalista Nando Gross, que foi diretor de jornalismo da emissora.
“O Lula tinha saído da cadeia e queria dar a primeira entrevista para o Juremir e a Taline”, cita Nando. “Lula já estava no Zoom (ferramenta virtual pela qual se daria a entrevista)”. Apesar de tudo pronto, ordens da cúpula da emissora fizeram com que a conversa fosse impedida de ir ao ar”, denunciou o jornalista”, conforme o Diário do Centro do Mundo.