Percepção do empresário sobre o arrocho monetário veio crescendo por seis trimestres consecutivos em 2022, segundo Sondagem da CNI
As taxas de juros elevadas “seguiram como o principal problema enfrentado pela indústria da construção” em 2022, segundo a “Sondagem Indústria da Construção”, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), realizada no período de 3 a 13 de janeiro de 2023.
Das 381 empresas consultadas, 30,6% do total apontou as taxas de juros como um dos três principais problemas da indústria da construção. A pesquisa contou com a parceria de 23 federações de indústria e o apoio da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). A sondagem foi feita com 149 de pequeno porte, 150 de médio porte e 82 de grande porte e divulgada na segunda-feira (23).
As altas taxas de juros já haviam alcançado a primeira posição no ranking da Sondagem no terceiro trimestre do ano passado. Na última pesquisa de dezembro de 2022, a CNI concluiu que os juros elevados ainda foram o motivo de preocupação dos empresários do setor industrial da construção no quarto e último trimestre do ano passado.
“No quarto trimestre de 2022, pela segunda vez consecutiva, as taxas de juros elevadas seguiram como o principal problema enfrentado pela indústria da construção. A assinalação desse problema pelo empresário vem crescendo a seis trimestres consecutivos, acumulando 20,9 pontos percentuais de alta no período”, observou a CNI.
O juro é apontado como um problema por todos os segmentos da indústria. Na última “Sondagem Industrial”, 23% dos empresários entrevistados assinalaram as taxas de juros elevadas como um problema para o setor. A CNI destacou “que o ano de 2022 foi marcado por sucessivas altas nesse item, com percentuais acima dos 20% em todos os trimestres do ano, revelando que a questão ganhou destaque e ainda permanece em patamar elevado. Essa percepção por parte dos empresários está relacionada ao cenário econômico do país, devido aos reajustes consecutivos na taxa Selic”, disse a entidade.
A taxa básica de juros da economia (Selic) saltou, em março de 2021, de 2% ao ano para os atuais 13,75% ao ano, por decisão do Banco Central (BC), com o pretexto de combater a inflação no Brasil. No entanto, nos dois últimos anos a inflação terminou em patamares elevados mesmo com o choque dos juros altos.
Além da inflação, que não dá trégua, os juros altos agravaram os problemas da economia do país. A atividade econômica seguiu com a produção industrial estagnada e as vendas do comércio e o setor de serviços patinando, de acordo com os últimos dados do IBGE. Os juros derrubaram o consumo de bens duráveis e elevaram o endividamento e a inadimplência das famílias, além de inibirem os investimentos do setor produtivo.