Presidente não se deixou enrolar e voltou a dizer que o Brasil quer a paz. “Não interessa para ninguém aquela guerra, não interessa para nenhum outro país, eu nem sei se interessa mais para a Rússia ou para a Ucrânia”, disse Lula
O chanceler da Alemanha, o social-democrata Olaf Scholz se submeteu às pressões e interesses geopolíticos dos Estados Unidos na Europa e causou um grande prejuízo para a economia e para a população de seu país. A Casa Branca desconsiderou os justos apelos de segurança feitos pela Rússia e expandiu a OTAN para o Leste, provocando a guerra na Ucrânia.
A Alemanha, que comprava gás da Rússia a preços bastante atrativos e tinha abastecimento garantido, ao se submeter aos ditames de Washington, passou a ter que comprar gás americano a preços que chegam a cinco vezes os da Rússia. Esta decisão de aderir à “guerra por procuração” dos EUA contra a Rússia está afundando a Alemanha numa grave crise que põe em risco a sobrevivência de suas empresas.
Pois bem, não satisfeito com seu capachismo em relação aos EUA, Olaf Scholz veio ao Brasil pressionar Lula para fazer o mesmo. Numa conversa mansa, ele tentou convencer o governo brasileiro a se associar ao desvario guerreiro da OTAN:
“Essa guerra não é uma questão europeia, mas uma questão que nos diz respeito a todos, porque é uma violação flagrante do direito internacional e da ordem internacional que acordamos em conjunto, é a base da nossa cooperação no mundo”, disse o social-democrata, desconsiderando as agressões e o genocídio patrocinado pelas tropas nazi-ucranianas que tomaram o poder com o golpe de Estado de 2014, patrocinado pelos EUA, contra a população de origem russa do leste do país.
“Ninguém pode alterar fronteiras de forma violenta, isso pertence ao passado, e a soberania dos estados é inviolável, é algo que nos une. Isso deve ser o nosso objetivo, enquanto democracias temos que nos unir também nessa questão para evitar o retorno à lei do mais forte”, acrescentou o Chanceler, que acaba de decidir enviar tanques Leopard, de fabricação alemã, para alimentar o conflito.
Lula, que esta semana desautorizou um pedido alemão de envio de munições para armamentos da Ucrânia, respondeu que o Brasil não quer guerra e está totalmente empenhado na busca da paz. “Nós queremos propor um G20 para discutir a questão do conflito Rússia-Ucrânia. Não interessa para ninguém aquela guerra, não interessa para nenhum outro país, eu nem sei se interessa mais para a Rússia ou para a Ucrânia”.
“Essas coisas de vez em quando acontecem assim. As pessoas começam, depois até querem parar, mas não sabem como parar. O Brasil está disposto a dar contribuição. Acho que a China joga um papel importante, a Índia, a Indonésia. A gente tem que criar um clube ecológico e das pessoas que vão querer construir a paz”, prosseguiu Lula.
Questionado novamente sobre uma declaração passada, na qual disse que tanto Zelensky como Putin são culpados pelo conflito, Lula respondeu: “quando um não quer dois não brigam”. O presidente afirmou ainda que o Brasil não tem interesse em enviar armamento para os países em conflito: ‘O Brasil é um país de paz’.
Em maio do ano passado quando ainda era pré-candidato à presidência da República, Lula foi entrevistado pela revista norte-americana “Time” e já havia dito que a invasão era um erro.
Na ocasião, ele apontou o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, era tão responsável quanto o presidente russo, Vladimir Putin, pelo conflito.
“Às vezes, fico vendo o presidente da Ucrânia na televisão como se estivesse festejando, sendo aplaudido em pé por todos os parlamentos, sabe? Esse cara é tão responsável quanto o Putin. Ele é tão responsável quanto o Putin. Porque numa guerra não tem apenas um culpado. O Saddam Hussein era tão culpado quanto o Bush. Porque o Saddam Hussein poderia ter dito: ‘Pode vir aqui visitar e eu vou provar que eu não tenho armas’.”
“Ele [Zelensky] quis a guerra. Se ele [não] quisesse a guerra, ele teria negociado um pouco mais. É assim. Eu fiz uma crítica ao Putin quando estava na Cidade do México, dizendo que foi errado invadir. Mas eu acho que ninguém está procurando contribuir para ter paz. As pessoas estão estimulando o ódio contra o Putin. Isso não vai resolver. É preciso estimular um acordo”, argumentou Lula na ocasião.