O presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, prestou depoimento à Polícia Federal, nesta quinta-feira (2), e tentou explicar sua declaração pela qual “todo mundo” do governo Bolsonaro tinha recebido documentos golpistas não passava de uma “metáfora” ou “força de expressão”.
A sua nova versão contradiz uma entrevista que concedeu ao Globo. Valdemar disse, anteriormente, que “aquela proposta de decreto golpista que tinha na casa do ministro da Justiça, isso tinha na casa de todo mundo”.
Segundo sua nova versão, essa frase era apenas uma “metáfora” e sua declaração anterior se tratava de uma fala “genérica”.
No depoimento, Valdemar da Costa Neto admitiu que chegou a receber “duas ou três” minutas de decretos presidenciais golpistas como a que foi encontrada na casa do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres.
Ele falou que recebeu uma dessas propostas de golpe de uma “advogada no aeroporto, e todas estavam “sem identificação”. O presidente do partido de Bolsonaro disse que “moía” todos os documentos depois de ler seu conteúdo.
Questionado pela PF sobre “quais integrantes do governo [Bolsonaro] tinham cópias dessa “minuta do golpe”, Valdemar da Costa Neto repetiu sua nova versão.
Ele respondeu que “quando falou que várias pessoas tinham esse documento, era ‘força de expressão’” e “acreditou que várias pessoas tinham o documento”, pois, ele próprio. “recebeu esse documento algumas vezes”.
Valdemar da Costa Neto entregou seu celular à PF.
Após as eleições presidenciais, nas quais Lula venceu com mais de 60 milhões de votos, Valdemar da Costa Neto usou o PL para tentar lançar dúvidas sobre as urnas eletrônicas, a mando de Bolsonaro. Uma empresa foi contratada pelo partido para produzir relatórios mentirosos sobre um suposto mau funcionamento das urnas eletrônicas em regiões em que Lula teve a maioria dos votos.
Anderson Torres, ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro, está preso por envolvimento na tentativa de golpe de estado realizada no dia 8 de janeiro. Ele ocupava, naquele momento, o cargo de secretário de Segurança Pública do Distrito Federal.
No curso da investigação sobre o atentado, a PF encontrou na casa de Torres uma minuta de decreto presidencial que instalaria um “estado de defesa” sobre o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que o resultado das eleições presidenciais fosse alterado de forma golpista.
Torres também diz que recebeu o documento de um apoiador de Bolsonaro que não se identificou e que esqueceu de triturar a minuta.
Por ocupar um cargo público, Anderson Torres incorre em crime ao não denunciar um esquema para tentar promover um golpe de estado.