O governador do Rio Grande do Sul e novo presidente nacional do PSDB, Eduardo Leite, condenou o atentado terrorista dos bolsonaristas do dia 8 de janeiro contra as sedes dos Três Poderes.
“Foi um fato lamentável, que precisa ser repudiado. Foi rechaçado, os governadores se uniram para estarem juntos lá em Brasília no dia seguinte, com o presidente Lula, a presidente do STF [Supremo Tribunal Federal], manifestando sua solidariedade”.
Ele declarou que, “seguramente”, Bolsonaro “não cumpriu o que se esperava moralmente de um ex-presidente da República de buscar apaziguar os ânimos. Ele não cumpriu com essa função e merece as investigações sobre seu envolvimento ou não”.
Em entrevista concedida ao jornal Folha de S.Paulo, Leite disse que “houve um efeito colateral de gerar o entendimento entre os diferentes líderes sobre as nossas instituições e a nossa democracia. É preciso apurar as responsabilidades, de quem financia e quem insufla”.
O governador afirmou que seu partido não fará uma “oposição destrutiva” ao governo Lula, mas uma oposição que debate e sugere alternativas.
Segundo ele, o PSDB poderá se reposicionar nos próximos anos. “No sentido de oposição não destrutiva, que cria obstáculos simplesmente. Mas oposição que critica, sugere alternativas, faz um debate profundo sobre os posicionamentos do governo e suas consequências”.
“Esse é o diferencial” em relação à oposição bolsonarista. “A gente quer ajudar a fazer com que o país vá melhor. O presidente Fernando Henrique uma vez falou algo que acho interessante: o centro precisa polarizar. Não precisa deixar de ser centro, mas tem de ter posições”, continuou.
“É uma oposição de forma responsável. Não é a que inviabiliza, é a que se posiciona sobre os temas e apresenta alternativas”, explicou o presidente do PSDB.
O PSDB apoiou a candidatura de Simone Tebet (MDB) à Presidência no primeiro turno das eleições, mas se manteve neutro no segundo turno. Diversas lideranças e ex-presidentes da legenda declararam apoio a Lula.
Eduardo Leite avalia que o partido não conseguiu destaque ao se diferenciar do bolsonarismo e da oposição ligada a Lula. “Assumo a presidência do partido para fazer uma discussão interna e depois ali na frente vamos fazer uma convenção, e nem sei se serei eu que ficarei. Vou coordenar um processo de revisão de bandeiras, agenda do partido e depois vamos definir quem conduz o partido nos próximos anos”, informou.