
Em quatro anos, o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro foi o que mais liberou agrotóxicos nos últimos 20 anos, batendo recorde da série histórica, que começou em 2000. O dado foi divulgado em dezembro, pela Coordenação-Geral de Agrotóxicos e Afins (CGAA) do Ministério da Agricultura.
Foram 2.182 agrotóxicos, sendo, deste total, 98 feitos a partir de substâncias inéditas, 366 biológicos, e, o restante, considerados “genéricos”, produzidos a partir de matérias-primas inéditas ou já existentes em outros produtos no mercado.
Dos agrotóxicos inéditos aprovados, que são químicos, e mais perigosos, 22 para uso na agricultura foram considerados “muito perigosos ao meio ambiente”, conforme o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
O ano de 2022 também bateu recorde de aprovações de agrotóxicos químicos, com 625 novos produtos no mercado, sendo que destes, 43 são inéditos.
A aprovação de produtos biológicos também foi a maior para um ano: no total, 136 produtos foram liberados.
Segundo matéria publicada no g1, um funcionário do Ministério da Agricultura disse que o aumento no número de liberações “está relacionado a uma reorganização, em 2016, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) – que analisa os riscos dos agrotóxicos à saúde humana”.
Segundo a fonte ouvida, para acelerar as análises, servidores de outras áreas da Anvisa foram transferidos para o setor de agrotóxicos.
A aprovação para a entrada de novos agrotóxicos no mercado, ou mesmo os chamados “genéricos”, que são cópias, passa por três estágios: pela Anvisa, que avalia os riscos à saúde, o Ibama, que avalia os riscos ambientais, e o ministério da Agricultura, que analisa a eficácia do produto e formaliza o registro.
Esses números estarrecedores de agrotóxicos aprovados no governo Bolsonaro ainda poderiam ter sido maiores, caso a gestão do “passar a boiada” tivesse conseguido o que tentou desde 2019, que era tirar a Anvisa e o Ibama do processo e centralizar a aprovação dos registros apenas no Ministério da Agricultura.
Um projeto de lei nesse sentido e com outras propostas facilitadoras do agrotóxico tramita no Congresso e deve ser colocado em pauta a qualquer momento.