A Polícia Federal encontrou marcas digitais de diversas pessoas no decreto golpista de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, e está usando tecnologia para identificar seus autores.
Segundo Valdo Cruz, do G1, um investigador disse que “fragmentos de digitais de diversas pessoas” foram encontrados durante a perícia, sendo isso um indício de que o documento passou por outras mãos, e não somente a de Anderson Torres.
As digitais obtidas no documento serão cruzadas com bancos de dados, podendo chegar até as pessoas a quem pertencem.
Caso confirmada, essa prova desmonta a narrativa de Anderson Torres de que a minuta golpista lhe foi entregue por um desconhecido e não teria passado pelas mãos de mais ninguém do governo Bolsonaro.
Por ocupar, à época, um cargo público, Anderson Torres incorreu em crime ao não denunciar um esquema para tentar promover um golpe de estado.
O decreto golpista, que instalaria um “estado de defesa” para alterar o resultado das eleições presidenciais, foi encontrado na casa de Anderson Torres pela PF durante uma operação de busca e apreensão.
Torres está sendo investigado por ter desmobilizado, enquanto secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, as tropas do DF para permitir o atentado terrorista do dia 8 de janeiro.
A investigação está trabalhando com a possibilidade do decreto golpista ter sido discutido na cúpula do governo Bolsonaro.
O ex-ministro Anderson Torres viajou para os Estados Unidos no dia 7 de janeiro, um dia antes da tentativa de golpe, mesmo que chefiasse a Secretaria de Segurança Pública do DF e suas férias, autoconcedidas, só começassem no dia 9.
Ele foi para Orlando, na Flórida, mesma cidade que Bolsonaro está desde que fugiu do Brasil, no dia 31 de dezembro.
Quando voltou para se entregar à PF, Anderson Torres falou que perdeu seu celular.
O presidente do PL, partido de Jair Bolsonaro, Valdemar da Costa Neto, tentou defender e acabou se enrolando.
Valdemar falou que “aquela proposta de decreto golpista que tinha na casa do ministro da Justiça, isso tinha na casa de todo mundo”.
Quando foi confrontado pela PF, mudou de versão e falou que o termo “todo mundo” era uma metáfora e que todos os documentos que recebeu eram de desconhecidos e sem importância.
O dirigente partidário afirmou, em entrevista ao jornal O Globo, que Jair Bolsonaro não deu um golpe “porque não viu maneira de fazer”.
O próprio Valdemar usou o dinheiro do partido para contratar uma empresa de auditoria que produziu relatórios mentirosos sobre as urnas eletrônicas para tentar melar as eleições – cuja lisura foi apontada pelas Forças Armadas, pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e pelo Tribunal de Contas da União (TCU).