Motivo da fuga dos criminosos é a grande operação coordenada pelo governo Lula para expulsá-los definitivamente da reserva
Com o controle do espaço aéreo pela Força Aérea Brasileira (FAB), medida determinada pelo governo do presidente Lula para expulsar o garimpo ilegal da Reserva Yanomami, em Roraima, os criminosos começam a deixar o local.
Cerca de 20 mil garimpeiros atuam dentro da maior reserva indígena do Brasil. Nos últimos quatro anos, a atividade criminosa cresceu mais de 300% na Terra Yanomami e é responsável pela tragédia humanitária que já resultou na morte de 570 crianças indígenas.
Segundo a polícia, o motivo da fuga dos criminosos é a grande operação para expulsá-los definitivamente da Terra Yanomami, prevista para ocorrer nos próximos dias. A reserva será ocupada pelas Forças Armadas, Força Nacional e Polícia Federal.
Esta semana, uma comitiva do Ministério da Defesa vai à região para fazer um levantamento da situação da reserva e das consequências da ação do garimpo na Terra Yanomami. O mapeamento vai definir ações de curto, médio e longo prazos e faz parte do grupo de trabalho criado pelo governo feral para planejar medidas de combate ao garimpo ilegal. As ações deverão ser apresentadas em 60 dias.
A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, chegou neste sábado (4) a Boa Vista e visitou a Casa de Atendimento ao Indígena para acompanhar o atendimento aos yanomamis e falou sobre a fuga dos garimpeiros. “[…] É bom que saia mesmo”.
“Temos essa informação já que muitos garimpeiros estão saindo, mas é bom que saia mesmo, porque assim a gente até diminui a operação que precisa ser feita para retirar 20 mil garimpeiros, que demora um tempinho”, disse Guajajara.
“Então, se eles começam já a sair, acho que estão corretos, porque o chamado que nós estamos fazendo é para isso mesmo. Se eles saem sem precisar dessa força de segurança, dessa força policial, melhor para todo mundo”, completou a ministra.
Vídeos que circulam na internet mostram pessoas abandonando as terras indígenas dos povos Yanomami, em Roraima, mas deixando para trás as marcas da destruição, como desmatamento, fome, doenças, mortes, estupros e gravidez de crianças – há denúncias de que pelo menos 30 meninas estariam grávidas de garimpeiros – rios contaminados, consequência da ação predadora do garimpo na TI.
Durante a coletiva concedida em Boa Vista, a ministra afirmou que a informação do movimento dos garimpeiros partiu de serviços de inteligência do governo, servidores que estão na região, por sobrevoos de equipes do Distrito Sanitário Especial Indígena e por representantes de associações de indígenas.
A ministra anunciou que a base aérea de Surucucu será reestruturada para receber aviões de grande porte no Território Yanomami. Informou, ainda, que no local será instalado um hospital de campanha para atender os indígenas. Também vão ser construídos poços artesianos e cisternas para captar água da chuva, além da implantação de um sistema de comunicação dentro das aldeias.
As operações de resgate das pessoas que estão muito doentes nas aldeias continuam acontecendo. Elas são trazidas de helicóptero para o polo central de Surucucu, onde há um posto médico. A viagem dura cerca de uma hora.
As ações de socorro ao povo yanomami também alcança os animais de estimação que vivem na reserva. Em parceria com o Distrito de Saúde Especial Indígena (DSEI), o grupo é formado por veterinários voluntários de todo o país e está na Terra Yanomami há cerca de 15 dias.
“Os animais se encontram praticamente todos desnutridos. Alguns com problemas de pele, problemas oculares. Então, o nosso atendimento está focado em suprir essa necessidade básica”, explicou Enderson Barreto, veterinário, conforme reportagem do Jornal Nacional neste sábado.