Além dos atos em Tel Aviv, Jerusalém e Haifa, houve concentrações em outras 20 cidades de Israel
Enfrentando frio e chuva, em torno de 60 mil manifestantes tomaram ruas e praças de diversas cidades por todo o Israel contra a ameaça da coalizão fascista e racista que se formou em torno de Netanyahu ao sistema judiciário do país.
Na principal manifestação, a de Tel Aviv o comparecimento chegou a 40 mil pessoas na avenida Kaplan, no centro da cidade. Entre os presentes destacou-se o prefeito que se dirigiu aos ministros e parlamentares da ultradireita que projetam a lei de desmonte do judiciário (de acordo com a nova ordem que tentam impor, qualquer resolução da Suprema Corte pode ser imediatamente derrubada com apenas um voto de maioria no parlamento unicameral israelense).
“Não se confundam com a forma bem-educada de nosso comportamento nos protestos. Estamos aqui para defender o nosso lar”, disse o prefeito da maior cidade, Ron Huldai, de Tel Aviv.
“Nós não permitiremos que o direito à igualdade seja violentado. Não vamos permitir que o direito dos trabalhadores à greve seja danificado”, acrescentou e, em uma demonstração de que a luta em defesa do Judiciário está apontando à necessidade de superação dos abjetos aspectos de apartheid que tomam corpo no regime israelense, dirigiu-se aos árabes moradores de Tel Aviv, em sua parte antiga, denominada de Yafo: “Hoje, mais do que nunca, Tel Aviv-Yafo é Israel e Israel é Tel Aviv-Yafo; uma cidade que simboliza o nosso anseio por uma vida compartilhada, uma fortaleza pela ética democrática, um bastião pelos direitos humanos e um farol por uma sociedade aberta”.
No ato em Tel Aviv, centenas de médicos e médicas vieram com seus jalecos e faixas: “Nós guerreamos pela vida e pela democracia”, numa referência a uma outra lei que permite a um médico negar atendimento com base em considerações raciais.
As manifestações se espalharam pelo país. Além dos atos nas cidades principais, tais como Haifa, Jerusalém e Beer Sheva, houve, neste sábado, atos em cidades de onde os manifestantes iam de ônibus para o protesto de Tel Aviv (esta é a quinta semana consecutiva nas quais dezenas de milhares tomam as ruas). Assim, houve manifestações em Ra’anana; Herzlya, Kfar Saba, Modi’in (aqui se concentraram diante da casa do atual ministro da Justiça, Yair Levin, autor do projeto que busca desmontar o Judiciário; entre diversas outras.
Na cidade de Haifa, o destaque foi o premiê que antecedeu Netanyahu no governo israelense, Yair Lapid: “Estas pessoas que estão nas ruas de Tel Aviv, Jerusalém e aqui em Haifa estão dizendo que nós não viveremos em um país onde os que prezam a lei tenham menos direitos que aqueles que desrespeitam a lei”.
Também em Haifa o protesto contou com o deputado trabalhista Gilad Kariv, que denunciou “este grupo de parlamentares da direita, não tem as vistas na negociação. Apenas querem uma tomada de poder hostil e forçada que dê poder ilimitado a estes corruptos”.
“Somente uma expansão dramática do movimento de protesto através de todo o país incluindo todos os setores da sociedade pode detê-los”, acrescentou.
No domingo, dia 5, as universidades foram palco de novas manifestações. As universidades Hebraica (de Jerusalém) a de Tel Aviv e a Bar Ilan (também de Tel Aviv) a de Haifa e a de Beer Sheva, assim como o Instituto Tecnológico de Haifa (Technion) tiveram atos com estudantes e professores mobilizados.
Professores e alunos foram saudados pelo presidente da Universidade de Tel Aviv, Ariel Porat. “Quero me congratular com vocês por cuidarem e se decidirem a se envolverem enquanto cidadãos. Estamos em meio a um dos períodos mais difíceis que a sociedade israelense jamais viveu”.
As manifestações desta semana aconteceram também fora do país. Com faixas afirmando “Queremos retornar a um país democrático”, israelenses se reuniram em Paris, Munique, Londres e Cambridge; na Suíça, Basileia; Oslo, e nas norte-americanas Nova Iorque, Boston, Seattle, São Francisco, Washington, Los Angeles.