“Não existe nenhuma justificativa para que a taxa de juros esteja em 13,75%”, declarou o presidente
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou na posse de Aloysio Mercadante na presidência do BNDES, nesta segunda-feira (6), no Rio de Janeiro, que “não existe nenhuma justificativa para que a taxa de juros esteja em 13,75%. É só a gente ver a carta do Copom para ver que é uma vergonha esse aumento de juro e a explicação que eles deram para a sociedade brasileira”.
O presidente voltou a criticar a autonomia do BC que mantém os juros nas alturas. “Agora resolveu tudo. O Banco Central é independente e não vai mais ter problema de juro. Ledo engano. O problema não é de um banco independente ou ligado ao governo. O problema é que este país tem uma cultura de viver com juros altos, que não combina com a necessidade de crescimento que nós temos”, disse.
“O BNDES pode contribuir para fazer com que a taxa de juros nesse país caia”, afirmou Lula. “Porque não tem explicação para que a taxa de juros esteja 13,5%. Como vou pedir para os empresários ligados à FIESP [Federação das Indústrias do Estado de São Paulo] investir, se eles não conseguem tomar dinheiro emprestado?”, questionou Lula.
O Banco Central manteve a taxa básica de juros (Selic) em 13,75% ao ano na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), realizada em 1º de fevereiro, no elevado patamar desde 3 de agosto do ano passado. Com o Brasil ocupando o primeiro lugar no ranking mundial de juros reais (descontada a inflação).
Lula também questionou por que acabaram com a TJLP, a taxa de juros de longo prazo do BNDES. “É para que não tivesse financiamento de longo prazo? Por que o BNDES deixou de ser um grande investidor e indutor do desenvolvimento e passou a financiar o governo?”
“A sua missão, meu caro Aloizio, é fazer esse banco voltar a ser motivo de orgulho do povo brasileiro. Esse banco tem de pegar dinheiro e devolver para o governo gerando investimento, gerando emprego, gerando renda e gerando melhoria na qualidade de vida do nosso povo”, afirmou Lula.
“Se o BNDES é um banco de desenvolvimento e a gente percebe que, quando ele investe, a economia cresce, e quando não investe, a economia não cresce, eu fico me perguntando como é que vamos fazer voltar os investimentos em obra de infraestrutura nesse país”, questionou o presidente da República.
Lula lembrou as mais de 14 mil obras paradas atualmente no país. Só na área de educação são quatro mil. E defendeu o investimentos através dos bancos públicos, como o BNDES, CAIXA, Banco do Brasil, BASA e BNB, para movimentar a economia, gerar empregos, induzir investimentos privados e priorizar a qualidade de vida dos brasileiros.
“Tem algumas palavras que são mágicas na boca de todos nós. A palavra credibilidade é muito importante para quem governa. A palavra estabilidade é importante. A palavra previsibilidade. A palavra responsabilidade fiscal é muito importante. A palavra responsabilidade social é mais importante ainda. O importante é saber qual delas a gente vai privilegiar ao sentar à mesa e decidir para que lado a balança vai pender em determinado momento”, disse o presidente.
“Se nós temos uma dívida fiscal de 20 anos, de 30 anos, de 40 anos, nós temos uma dívida social de 100 anos, uma dívida social de 200 anos, uma dívida social impagável se a gente não colocar o assunto como prioridade”, afirmou.